A Morena, que tá aqui do lado com o pequeno Raoni
começou a contar a história de amamentação deles sexta passada (quem perdeu ésó clicar aqui) e continua hoje. História de superação, amor e dedicação. Olhem
só!
..... AMOR
E DOR, UM LIMIAR TÊNUE....
Raoni nasceu em um Hospital que não tinha banco de
leite e as auxiliares do berçário não tinham idéia de como poderiam me ajudar,
foram momentos de pânico, até que veio a solução mais fácil de todas, “o bebe
precisa tomar suplemento, leite artificial”, aquilo me matou, mas como o que eu
pensava era apenas alimentar meu filho, foi o que se fez. No meio da noite,
coisa de mãe mesmo (risos) acordo e vejo meu filho se engasgando, chamo minha
mãe, ela tentar desobstruir as vias respiratórias e corre com ele para o
berçário, momentos de pavor e a notícia boa logo veio, ele não aspirou, eu choro
descontroladamente de nervoso e minha mãe me diz, “olhe para ele, filha, ele
está bem!”
Bom, depois de passar por tudo isso chegamos a
conclusão, vamos chamar alguém para nos orientar sobre a amamentação, a ajuda veio
em boa hora e logo observou que a pega dele não era boa e disse que
precisaríamos ensiná-lo a mamar, fazer exercícios de fonoaudiologia mesmo,
lembra do que falei do outro indicador do sucesso da amamentação? Pois é... se ele
não sabia mamar, não pegava bem e se não pegava bem, logo peito ferido e filho
sem se alimentar direito, rapaz, momentos muito difíceis, regados ainda em
crise conjugal e depressão pós parto feroz, pergunta... será que vou conseguir
ser mãe?
No dia seguinte, já em casa, mais desespero, dor nos
seios e filho faminto, chamamos novamente ajuda, mais uma semana, parecia a
eternidade, de penar, até que meu pai encontrou com um amigo e vizinho que
revela que sua esposa trabalha em duas maternidades públicas, no banco de
leite, com amamentação, meu Deus, considero que minha vida de mãe
(amamentadora) se divide em duas fazes antes e depois de Eridan, o anjo que me
ajudou a sair do sufoco e me deu calma, tranqüilidade, que me acolheu neste
momento tão difícil de nossas vidas.
Ela entrou no quarto, eu em prantos, com Raoni no
colo e logo perguntou, “mulher, o que houve?”, chorei mais ainda e ela logo
falou, “deixe eu te ajudar”, foi como se eu flutuasse, senti tanta segurança
nela que nos entreguei a sua experiência, era tanta humildade e delicadeza que
não se pode imaginar, era tudo o que nós estávamos precisando, acolhimento
total. Ela examinou meus seios e disse, “você tem bastante leite, isso é muito
bom, agora deixa eu ver como ele mama”, e logo percebeu que a pega não era
eficiente e disse a todos que estavam ao meu redor, “venham aprender, pois ela
vai precisar muito da ajuda de todos vocês”. O mais lindo de tudo é que ela
olhou para mim e não só para meu filho, sabe, acho que o que precisamos (nós
mães) é disso, que nos vejam que cuidem de nós, mas também precisamos não como
mães, mas como mulheres, seres humanos nos permitir ser ajudada, lembrar que os
fortes também têm limites, que erram e que choram e que tudo isso nos faz
também ser uma boa mãe, afinal frustração e êxito são ingredientes importantes
no processo de aprendizado como um todo, não é verdade?
Bom, foram 40 dias exatos de suplício: depressão,
dores e sangramentos nos seios ao amamentar, andar sem sutiã dentro de casa sem
pudores de quem aparecia, dores na cirurgia, conflitos... conflitos.... e ao
mesmo tempo eu contava com um anjo ao meu lado, acredito que desde a barriga
(conversava muito com meu filho) eu e Raoni criamos uma conexão mágica, ele
sabia que eu precisava de apoio e só me solicitava quando a crise passava,
então olhava em meus olhos como se dissesse, “mamãe, estou aqui com você!” logo
as dores desapareciam, ele se encaixava direitinho em meus braços e no 41° dia
percebemos que nós havíamos, finalmente, encontrado a harmonia, amamentando,
mamando... sorrindo e tendo um dos prazeres maiores de minha vida, uma sensação
de paz, mesmo acordando a noite, madrugadas a fio, nossa... eu sou mãe, sou
mulher, amamento meu filho!!
Amamentei meu filho até 1 ano e 3 meses de vida,
exclusivo até 6 meses, tarefa fácil? Não mesmo, mas a mais nobre que já tive em
minha vida! E posso dizer uma coisa... junto com os 40 dias de suplicio foram
embora as más lembranças, aliás, nem sei bem se esses duros dias existiram ou foram
fruto de minha imaginação... risos...
Morena, amamentando Raoni com 1 ano
Foto de Ana Siqueira
Sabe, depois de tudo isso que passamos juntos, eu e
Raoni, depois de ser mãe, passei a ter um pouco mais de tolerância com as
pessoas, especialmente com o limite de cada um. Há quem não quer ser mãe e é
feliz, há quem não quer amamentar por diversos motivos, a esses pessoas o meu
respeito profundo, mas lhes digo que essas são duas experiências de minha vida
que, hoje, tenho plena certeza que fazem a maior diferença na mulher, no ser
humano que sou hoje.
Quem quiser participar dessa seção – Sabedoria de
Mãe – dividindo a sua história aqui no Acalanto, para aprendermos juntas, manda
um e-mail pra gente! – acalantocursosbh@gmail.com
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