quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Colecionando livros – descobrindo as tradições culturais de cada país


Eu sempre adorei livros. Desde pequena tenho sempre um livro comigo. Ler para mim é mergulhar em um mundo paralelo, vivendo cada uma das historias junto com os personagens. Depois de cada livro uma janela de possibilidades é aberta na imaginação, no conhecimento, na cultura e no cotidiano.

E especialmente adoro livros infantis. Encanto-me com a simplicidade e complexidade em cada um deles. Apaixono-me por cada pagina, com gravuras e espaço para criar na imaginação. Divirto-me pensando como cada criança vai receber aquela historia e transportar o que aprende no livro para seus desafios do dia a dia. Quem quiser saber mais sobre esse assunto já fiz aqui no blog uma série de posts sobre esse assunto, clica aqui para ler!

Tenho uma grande coleção de livros infantis de todas as idades, livros preservados da minha infância e do meu irmão, e que vou crescendo aos poucos todas as vezes que me deparo com um livro apaixonante. E recentemente resolvi começar uma coleção de livros infantis dos países que visito.

Em cada país que chego vou procurar uma livraria. Descobrir as livrarias nos diferentes cantos do mundo já é uma aventura. Tem as grandes, as pequenas, as especializadas em livros infantis, aquelas que mais parece um shopping e outras que mais parecem a sala de uma casa! Ai vou perguntando nas livrarias, nos hotéis, nas ruas e para todos que encontro que moram na cidade, a indicação de um livro infantil que seja uma historia tradicional do país, dessas que as mães contam para os filhos antes de dormir. E peço que o livro seja na língua do país.

A surpresa das pessoas me divertiam. Mas você quer um livro para você? Um livro de criança? Mas você fala tcheco? Não prefere conhecer uma loja para turistas do que uma livraria? E depois passada a surpresa as pessoas começam a me contar as historias do seu país, como preencheram a sua infância, a saudade que deixou cada livro e a cultura de cada local permeando as historias.

Na Inglaterra encontrei o “The Tale of Benjamin Bunny” de Beatrix Potter – O conto do coelhinho Benjamin. O livro foi publicado pela primeira vez em 1904 contando a historia de um coelho do interior da Inglaterra em um mundo paralelo e similar ao dos humanos. O livro foi um sucesso imediato e virou um clássico da literatura infantil. Mais tarde o livro teve sequencias infantis e com o Benjamin adulto e depois virou um desenho animado de sucesso.



Na Itália escolhi o clássico Pinóquio – Pinocchio de Carlo Colodi. Todos nós conhecemos bem as desventuras do menino de madeira com o nariz que crescia a cada mentira. Além do obvio dilema da mentira na vida das crianças o livro fala também de dedicação, amor e respeito na relação entre Pinóquio e seu criador/pai Gepeto. A história se passa em uma pequena vila italiana e publicada pela primeira vez em 1883.


Na Irlanda encontrei um delicado livro sobre o Conto dos Duendes – Leprechaun Tales – Os duendes fazem parte da historia da Irlanda a milhares de anos, quer dizer, desde que se pode lembrar, como eles gostam de dizer por lá. Pequenos homenzinhos encantados, vestidos de verde, que produzem sapatos e guardam suas moedas de ouro em potes ao final do arco íris. Duendes e arco Iris são encantadores e fascinantes em toda a parte do mundo. O conto que fala de amizade, responsabilidade no trabalho, sorte e honestidade faz parte da historia dos pequenos irlandeses desde sempre!



Nos Estados Unidos escolhi o Ursinho Puff e o amor – Pooh Lover. A primeira aventura do Ursinho Puff foi publicada em 1926 e os personagens receberam o nome dos brinquedos do filho do autor, A. A. Milne. Seu filho foi também a inspiração para o personagem Christopher Robin que é protagonista junto com Puff nessa historia que fala do amor entre amigos, mostrando a delicadeza e doçura do ursinho que não resiste a um pote de mel. Anos depois as aventuras do Puff foram transformadas em filme pela Disney e os personagens inspirados nos brinquedos preferidos do pequeno Christopher ganharam os corações de todas as crianças pelo mundo.



Na Tchecoslováquia foi o maior desafio de escolher o livro. A dona da pequena livraria não falava inglês! Mas acho que escolhi bem com as suas indicações o livro Viju, viju venecek da autora Jirina Rakosnikova (os nomes tem acentos que o computar não conhece, então não deu para escrever direito! Deem uma espiada ai na foto!). A tradução do nome é algo como “olhem, olhem a grinalda”. Na verdade é uma expressão que usam nas musicas infantis tradicionais. O livro são poemas e pequenas cantigas tradicionais, cantadas por todos no pais, das crianças aos avós.



Na Alemanha não consegui me decidir por um só e acabei escolhendo um que traz uma coletânea dos contos clássicos da Alemanha. Max e Moritz é a historia de dois meninos que aprontam no seu vilarejo, brincadeiras de moleque mesmo, e foi escrito em 1865. O Struwwelpeter – traduzindo ao pé da letra fica Peter o Menino Desgrenhado - foi escrito em 1917 e conta historias do que acontece com as crianças mal criadas. Bom... depois conto mais das outras historias que ainda não li!!!



Na Holanda encontrei o Jij bent de liefste – Você é o mais doce – também é um livro de poesias, que a pequena menina vai recitando no seu sonho. O sonho que se passa na cidade de Amsterdã no mundo que apenas a pequena conhece, junto com seus brinquedos.



Na Bélgica encontrei um livro que também fala sobre o sono, dessa vez de duas criançaas que tem medo do escuro, mas quando tem coragem para ver o que esta a sua volta, descobrem um mundo maravilhoso. Em flamengo, a língua da Bélgica o livro se chama Mats en de Moedmannetjes bang in het donker.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Praga para Crianças- O Museu de Brinquedos de Praga


Ao final da visita do Castelo de Praga tem um presente para crianças e adultos que não esqueceram a alegria que um brinquedo podia trazer, transportando cada um para seu próprio mundo de fantasia e maravilhas.

Novo ou velho, moderno ou antigo. Não importa, brinquedo representa a alegria e inocência da infância. Não precisa ser elabora, andar, falar, correr ou acender luzes sozinho, pode ser simples e delicado, ou estranho e quebrado. Na verdade só precisa ser especial para aquela criança. Especial por ser o favorito, especial por ter sido presente de alguém importante ou especial porque é natal.

O museu de brinquedos do castelo de praga tem dois andares e fica no alto de uma torre. Passeando por lá por uma amiga não pude me conter em fotografar todos que me encantavam... fosse pelo detalhe ou por lembrar a minha infância... os brinquedos dispostos entre arvores de natal encantavam a todos.

Deem uma espiada nas fotos para ficarem na vontade de visitar o museu depois, quando estiverem em Praga.


















quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Praga para Crianças - O Castelo, a Princesa e o Príncipe


O Castelo de Praga é esse enorme complexo com vários prédios, castelos e igrejas. O passeio por ele leva algumas horas e a medida que caminhávamos no pátio eu observava a quantidade de crianças acompanhando os pais. Será que elas vão dar conta desse passeio?

Eu estava enganada de duvidar que uma criança teria dificuldade de andar por horas dentre os muros de um castelo. Para que serve a imaginação?

Acho que nos adultos nos esquecemos muitas vezes de sonhar acordados. E como esses sonhos podem tornar a vida mais alegre e divertida. E o castelo? O local ideal para a imaginação e os sonhos tomarem conta. Enquanto passeávamos perto de nós tinha uma família com uma menina de uns seis anos, muito curiosa. A cada sala que entrávamos ela perguntava para a mãe, em inglês – “O que era essa sala?”.

E a mãe respondia era o salão de bailes. Os olhinhos da menina brilhavam. Rodava pelo caminho determinado no guia, olhando para o grande espaço vazio. Imaginando princesas e rainhas nos seus luxuosos vestidos, dançando com seus príncipes encantados.


“E aqui o que era?” Perguntava a menina diante do quarto no alto de uma das torres. “Era o quarto da princesa.”, respondeu a mãe. E enquanto todos na sala observavam e fotografavam apenas a vista da torre a menina explorava cada um dos cantos daquele quarto. Imaginando a princesa penteando seus longos cabelos, sentada na sua penteadeira reluzente de dourado. Na saída observou um cômodo esquecido e perguntou novamente – o que era aqui mamãe? – ao que a mãe respondeu com paciência – o quarto do guarda que o dormia aqui para proteger a princesa. Enquanto todos passavam sem observar o cômodo a menina pediu – “Me levanta que eu quero ver!” – com certeza imaginando o guarda em seu uniforme impecável, vigilante pela princesa.

Não sei realmente se a sala vazia era um salão de bailes, provavelmente sim... o quarto no alto da torre não se parecia com o de uma princesa... mas a verdade é que não importava o que eles foram um dia e sim o que a imaginação da pequena de seis anos permitia que eles fossem.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Uma conversa entre amigas – Doula e Fono X O medo do parto


Desde que resolvi escrever o blog acho que o maior resultado dele foi a sensibilização que tem causado nas minhas amigas. A medida que eu vou escrevendo e falando sobre o que é ser doula, o que faz uma doula, sobre parto, parto natural, parto normal, humaniza,cão do parto, sobre amamentação e amamentação continuada... cada texto vai mexendo com uma amiga de uma forma diferente. E quando nos encontramos o assunto sempre passa por esse mundo de coisas. Já contei de uma dessas conversas no texto de perguntas e respostas (só clicar nos dois para ler!).

E casamento é lugar de juntar as pessoas que não se viam há um tempo, mas que nunca vão deixar de serem amigas sabe. E como não podia deixar de ser, encontrando com amigas queridas que não via há um tempo o assunto “doulas” e “parto” foi recorrente ao longo da noite. Claro que eu não me cansava de falar de algo tão prazeroso.

Uma das minhas amigas reconheceu na minha paixão pelo ato de doular a sua paixão pelo ensino. Nos dois casos é poder estar presente na vida das pessoas em momentos importantes, íntimos e decisivos. É apoiar e empoderar para que a pessoa tome a sua própria decisão. Lindo essas duas paixões se coincidirem assim não?

A outra amiga, como uma boa fonoaudióloga, estava ainda preocupada com os casos das crianças que tem Paralisia Cerebral (Disfunção Neuromotora) por anoxia (falta de ar) durante o parto. Mesmo encantada com o trabalho das doulas, e bem inteirada desse mundo, já que além de mim tem uma amiga que largou a profissão de advogada para ser doula em tempo integral, ainda tinha medo de ter um parto normal.

Medo. É algo importante que não devemos deixar de lado. Especialmente enquanto a mulher se empodera do seu parto. Medo nos paralisa. Medo impede que tomemos a melhor decisão e acabamos optando pela saída que parece ser mais rápida. Medo deixa tudo confuso e tira o empoderamento de qualquer pessoa. Medo do parto coloca a mulher sujeita a procedimentos desnecessários e não recomendados no seu parto quando não a induz para uma cesariana desnecessária.

O problema dessa historia é que nos fonoaudiólogas como estamos inseridas em clinicas especializadas para tratar de crianças com Paralisia Cerebral e outras síndromes acabamos ouvindo e presenciando muitas histórias de partos que deram errado. Relatos de mulheres assustadas e que ficaram na maioria das vezes sem saber o que estava acontecendo e como os eventos resultaram em sequelas tão graves para seus filhos. Mulheres que precisam carregar um fardo pesado, com pouca informação, sem saber o que na sua impotência poderia ter feito para mudar a historia daquela criança.

Já estive nesse lugar de ouvinte muitas vezes. E também já tive medo do parto normal, achando que ele fosse o vilão da história. Já consolei mulheres dizendo a elas que o parto era algo que não podiam controlar, que estava fora de seu alcance. Já imaginei que aquelas historias trágicas representavam a maioria dos partos normais.

Mas a verdade é que essa “amostra” de partos que nos fonoaudiólogas temos contato são uma “amostra viciada”. É uma clinica especializada com um profissional especializado. Portanto, a maioria dos casos ali são sim complicados e muitas vezes algo saiu muito errado. Então precisamos nos afastar e observar as estatísticas reais! A verdade é que o risco de uma cesariana é muito maior para mãe e bebê do que o risco de um parto normal. Na cesariana aumenta o risco de hemorragia na mulher, de infecção na mãe e no bebê e o risco de um bebê “ser nascido” prematuramente (com todas as consequências que nós fonoaudiólogas já conhecemos muito bem).



Podemos parar e pesquisar melhor também quais os reais motivos para um bebê ter tido anoxia no parto. Pegando o prontuário dessas mulheres, talvez lendo o partograma se for bem feito, ou talvez investigando com entrevistas aos profissionais envolvidos, a mulher e a quem acompanhava a mulher no parto, caso o prontuário seja incompleto e vago, podemos entender o que se passou naquele dia. E ai é provável que vamos observar um parto normal – anormal ou frankstein, como costumamos dizer no movimento de humanização ao parto.

Vamos ver uma mulher internada sem estar em trabalho de parto ativo. Vamos ver uma mulher mantida em jejum por horas e horas, ficando assim sem energia para fazer a força necessária para ajudar seu filho a nascer. Vamos ver uma mulher sozinha, sem acompanhante e sem informação, que acaba se vendo assustada e acuada em um ambiente hospitalar nada adequado ou acolhedor. Vamos observar também procedimentos invasivos realizados sem o consentimento da mulher (toque constante, lavagem intestinal – enema; raspagem dos pelos pubianos –tricotomia; corte do períneo – episiotomia), associado a intervenções desnecessárias, que a literatura científica já prova serem recomendadas apenas em casos específicos, mas são usados indiscriminadamente (ocitocina artificial,rompimento da bolsa, anestesia em momento inadequado interrompendo a dinâmicado parto ou em quantidades exageradas). A mulher é ainda mantida em uma única posição, deitada – de litotomia, que desfavorece o parto normal, impedida de caminhar e de escolher a posição que seu corpo pede para o parto, aliás, a mulher não tem a chance de perceber o seu corpo e o que ele pede, e também não lhe são oferecidas técnicas de alivio da dor não farmacológicas.

Uma intervenção gera uma cadeia de intervenções desnecessárias que interrompem o caminho natural de um parto. Acabam por levar a consequências graves para mulher e criança. Ou seja, ao invés de usarmos as tecnologias para salvar vidas, acabamos usando a tecnologia pó conveniência de uns ou interesse financeiro e ai ela acaba por prejudicar vidas.

Então, quando falamos em Humanização do Parto e Parto Normal não estamos falando desse parto onde a mulher é um objeto, sem controle sobre o que acontece no ambiente e no seu corpo, com uma assistência ultrapassada em termos de cuidado humanizado no pré parto, parto e pós parto. Estamos falando sim de um parto onde a mulher tem controle do seu corpo, com informação ela faz o seu parto, empoderada. Os profissionais de saúde que a assistem são preparados para acompanhar o parto, mantê-la confortável e esperar a natureza seguir seu curso, intervindo se necessário.

Com isso tudo o que eu queria dizer para essa amiga, alias para todas as amigas, leitoras do blog e mulheres é que a informação para o seu parto é fundamental. Informe-se!!! Empodere-se!!! Construa o seu Plano de Parto e garanta que ele sera respeitado!!! O parto é seu!!! E assim espante os medos e tome a melhor decisão para você e seu filho, não baseada em mitos e no “ouvi falar de histórias trágicas”, procure evidencias cientificas e profissionais que vão oferecer uma boa assistência!



quinta-feira, 2 de agosto de 2012

“Because I’m really really pregnant”


Voltei das férias cheia de novas ideias e histórias para contar, como prometido. E a primeira das histórias que quero dividir é sem dúvida a mais especial.

Depois de alguns dias de viagem finalmente chegamos a Berlim. Eu estava muito feliz de voltar a cidade 12 anos depois, de ter morado lá. Logo começamos a ligar para os amigos e depois de algumas tentativas finalmente consegui falar com uma muito especial, a Cora.

Não conheci Cora no curto período em que morei em Berlim, e sim alguns anos depois quando ela morou em Belo Horizonte. Sabe essas pessoas você rapidamente fica muito amiga? Então, quando liguei estava ansiosa para encontrá-la e propus que ela nos acompanhasse nos passeios pela cidade. Por telefone estávamos conversando em inglês. Eu falo um pouco de alemão e ela fala português, bem melhor que meu alemão, mas a língua de escolha no telefone foi o inglês. Aliás, as nossas conversas sempre foram assim, displicentemente variando entre as três línguas, para desespero de quem estiver nos ouvindo ou tentando participar da conversa.

Cora me disse que gostaria de nos acompanhar, mas que não podia andar muito. Eu assustada, perguntei porque, imaginando que ela teria se machucado, e foi quando ela me disse – “Porque estou muito muito grávida”!

Uma explosão de alegria tomou conta de mim, do mesmo jeito quando outra amiga especial me contou da sua gravidez (nesse texto que já contei aqui). Eu não queria continuar a conversa por telefone. Precisa encontrá-la e saber pessoalmente de todos os detalhes! Tive que esperar ate o final do dia seguinte para o encontro, que para tanto tempo sem nos vermos foi rápido demais, mas a saudade fica mais gostosa quando podemos abraçar alguém que esta longe e ter certeza de que essa pessoa esta feliz e bem!

Cora realmente estava e está muito grávida. Já entrando no oitavo mês. Continua linda e com um barrigão. Na Alemanha nas seis semanas antes do parto a mulher tem uma licença remunerada obrigatória. E são essas semanas que ela esta usando para terminar de arrumar o cantinho do seu filho e comprar roupinhas, enquanto passeia com calma de bicicleta pela cidade. Sim, uma grávida andando de bicicleta! Com recomendação da ginecologista inclusive. Aliás, porque é mesmo que dizem por aqui no Brasil que grávidas não podem andar de bicicleta???

Os direitos da mulher no período pré parto, pós parto e no primeiro ano de vida da criança são muitos. Além das seis semanas antes do parto, a mulher tem também quatro semanas após o parto, licença remunerada e obrigatória. Depois disso ela pode escolher se volta ao trabalho ou não. Enquanto decidir ficar afastada do trabalho, no primeiro ano de vida da criança, a mulher tem um apoio financeiro do governo (isso, sem contar que na Alemanha as escolas publicas são excelentes, e o sistema de saúde publica também).

Quando perguntei do parto ela me olhou assustada! Como assim que tipo de parto vou querer? É óbvio que natural! Era algo que não precisava ser decidido. Já estava posto por ser o melhor para ela e seu bebê. Se possível, na água. Quando contei que no Brasil mais da metade dos partos são cesarianas e que outros tantos são partos normais com tantas intervenções desnecessárias que acabam virando anormais, ela estranhou. Difícil mesmo entender o que levaria mulheres a não escolherem o melhor para si e seus filhos e o que levaria médicos e profissionais de saúde a uma pratica que não prioriza esse bem estar.

O pai também tem seus direitos. No período de um ano ele tem direito a 2 meses de licença remunerada, que pode escolher quando tirar, para ficar com seu filho. Cora e seu namorado, ou marido, quer dizer, seu namorido, vão usar esses dois meses para viajar com o pequeno. Querem ir pra Nova Zelândia, que ainda não conhecem. Mas eu ainda estou torcendo para que eles mudem de ideia e resolvam ir para o Brasil, onde tem várias pessoas já doidas para ajudar cuidar desse novo alemãozinho que vai chegar.

Quer dizer, um alemãzinho que já chega bem misturado. Segundo a própria Cora ela escolheu para o pai do seu filho um alemão muito alemão, desses loiros e branquinhos (e tenho certeza de que escolheu bem, mesmo o tendo conhecido muito rapidinho há 4 anos atrás). A mãe da Cora é indiana e o pai alemão. Ela tem o jeito e traços de uma indiana. Bem que podia ser os traços e jeitos de uma brasileira. Acho que tem o coração de uma brasileira. E o nome do seu filho talvez seja uma homenagem ao Brasil, país que a acolheu com alegria e calor. Ou quem sabe uma homenagem a família que a acolheu com amor em Belo Horizonte? Ou ainda uma homenagem a um dos filhos dessa família, que tem nome de guerreiro, a cabeça nas nuvens, a alma de artista (como a da Cora), com o dom para a música. Luís vai nascer alemão, com jeito de indiano e um pouquinho de brasileiro na sua história!


Cora mostrando a barriga ao lado dos meus pais, Paulo e Celina