quinta-feira, 7 de março de 2013

Receitinhas para insucesso na amamentação – Parte 3


Já estamos na terceira semana de posts sobre o que pode levar ao insucesso na amamentação. As situações podem acontecer isoladas ou somadas umas as outras e hoje vamos falar de três muito importantes!!!

1-      Amamentar com tempo marcado
Muitos cursos de orientação a gestantes com profissionais até “famosos” na área insistem em repetir algumas orientações falsas e antiquadas em relação ao tempo de amamentação. Primeiro dizem que os meninos mamam mais que as meninas. E depois dizem que o bebê deve ficar 5 minutos de relógio marcado em cada peito. Ou tem também a história de mamar por 15 minutos em um peito, tirar o bebê e levar para tomar banho e, só depois oferecer 10 minutos de mamada no outro peito.

Para começar as meninas já nascem destinadas a fazer regime né!? Não existe nenhum embasamento científico para dizer que bebês do sexo masculino mamam mais do que bebês do sexo feminino. Cada criança mama o tanto que precisa, é individual e pessoal. E a produção de leite da mãe vai se adequar a necessidade do seu bebê.

Ai entramos no problema de marcar o tempo para a amamentação. Como já falamos nos posts anteriores a amamentação é um processo de aprendizagem, então um bebê com uma sucção efetiva e eficiente pode até se sentir saciado em cinco minutos, mamando todo o leite, mas isso não é regra para todos. Cada bebê deve determinar seu próprio ritmo e tempo para mamar em um seio, e o tanto que deseja mamar no outro. O mesmo acontece para o tempo de 15 minutos, que apesar de ser maior e mais realístico, pode também prejudicar a amamentação e até colocar a mãe estressada se o bebê não quiser ficar os 15 minutos em um mesmo peito.

O problema de não respeitar o bebê esvaziar a mama é que não vai garantir que ele mame o leite anterior e posterior. Hoje já sabe-se que o leite materno é dividido em três fases em uma mesma mamada e que o leite mais posterior é o mais rico em gorduras. Portanto, bebês que não tem a oportunidade de mamar o leite todo da mama não engordam. Quando não engordam, logo o pediatra já quer entrar com o complemento, sem procurar entender porque a amamentação não teve sucesso, prejudicando ainda mais o processo. Mais especificamente do complemento falaremos no post da semana que vem!

Outro problema ainda de marcar o tempo é que o bebê não vai sugar o suficiente no peito, o que vai acabar levando o leite da mulher a diminuir, já que a sua produção é regulada pela quantidade que o bebê suga. Diminuindo a produção do leite, logo a mulher esta nervosa e o pediatra surge com a mágica sugestão do complemento com leite artificial novamente!


Ah! E ainda tem a história de interromper a mamada com um banho. O problema ai é que primeiro, você gostaria de estar comendo e de repente, alguém vem, tira seu prato, iz que você tem que tomar banho, e só depois pode continuar a comer? Eu detestaria e ficaria mal humorada! E se já tivessse comido a maior parte do que desejava/precisava para me alimentar bem, depois do banho estaria sem fome e não voltaria a comer, mas daqui a meia hora estaria com fome de novo. Acontece exatamente o mesmo com os bebês. Eles têm uma sensação de saciedade logo no inicio da mamada, especialmente os mais novinhos que chegam até a dormir (e se isso acontecer devem ser acordado para continuar mamando), e depois ainda vão para o banho, acabam desistindo de continuar mamando. E ai, logo estarão com fome novamente! O que resulta disso é uma mãe estressada e um bebê constantemente chorando de fome.

2-      Não respeitar a Livre Demanda
Existe um mito que bebê que mama demais e consequentemente fica muito no colo ficará mimado, especialmente se a mãe atender todas as vezes que ele chorar. E por isso as mamadas devem ter horário estabelecido desde o início, criando uma rotina, acontecendo com intervalos de três em três horas.

Nessa história tem muitos problemas e muitas inverdades! A começar que bebês que ficam no colo são mimados. A questão aqui é que bebês novinhos precisam de aconchego, acalento, já que não conseguem se acalentar sozinhos. E como fazer isso?
- Mantendo o bebê em contato corpo a corpo, pele a pele com a mãe, para que percebe os contornos e limites do seu próprio corpo;
- Enrolando ele, contendo-o, nos chamados casulinhos, para ajudar a organizar, ficando com as mãos centralizadas.
- Deixando que eles satisfaçam a sua necessidade de sugar. E a forma saudável e adequada de sugar é no seio materno.

Essas são características da exterogestação. Uma teoria que explica que os bebês humanos nascem pequenos e indefesos para terminar de se desenvolver fora do útero, como podemos observar que acontece com seus órgãos, em especial o intestino é fácil de perceber, e o cérebro. Bom, segundo essa teoria os três primeiros meses de vida do bebê são como um quarto trimestre da gestação e por isso precisam tanto da mãe.

Outro problema dessa teoria é que bebês não tem noção de tempo, portanto não é estabelecendo um espaço de três horas que vai ajudá-los a estabelecer uma rotina. O que eles primeiro tem que entender como rotina é a diferença entre dia e noite. Algo básico como de dia nos saímos, passeamos, está claro, tem sol, tomamos banho, tem barulho na casa e na rua. De noite não tem luz, é escuro, ficamos no quarto e os barulhos são poucos. Rotina de horas marcadas vão chegar com a idade!

Não atender o choro do bebê é sim um problema e muito diferente de não atender ao choro de uma criança grande que já sabe falar e está fazendo manha. Os bebês têm formas limitadas de se comunica e a principal delas é o choro. Por isso se um bebê chora e não é atendido ele sofre, física e psicologicamente. Os bebês não ficam mimados se forem atendidos no seu choro, eles passam a se sentir seguros e confortados.

E finalmente o principal problema desse mito. Os bebês tem o estomago pequeno e gastam muita energia pois estao crescendo e se desenvolvendo, mesmo que passem a maior parte do tempo dormindo. O leite materno é preparado para a absorção e não precisa ser digerido, portanto ele é rapidamente absorvido, na pequena quantidade que o bebê consegue mamar por vez. À medida que crescem passam a mamar maiores quantidades, com uma pega mais eficiente e ai vão espaçando as mamadas. Isso quer dizer que bebês pequenos não conseguem ficar três horas sem mamar, em geral mamam em intervalos menores e isso deve ser respeitado, em livre demanda, para garantir um desenvolvimento saudável deles.

Adiar oferecer a mama causa ainda outros problemas. Quando o bebê chora e a mãe escuta os seios começam a produzir mais leite. Isso é um reflexo. Então a mãe está com o peito cheio e, se demora a oferecer ao bebê pode até ter ingurgitamento ou empedramento o leite, futuramente levando a fissuras e mastite. Prejudicando a saúde da mãe e a amamentação. Tem ainda o agravante que se o bebê estiver nervoso, chorando e com muita fome ficará mais difícil fazer a pega correta, especialmente em um seio muito cheio. E a pega incorreta prejudica a amamentação como vamos falar no próximo item.

3-      Pega Incorreta

O importante para o assunto de hoje é que uma pega incorreta pode levar a uma sucção não eficiente do bebê, o que leva a não mamar todo o posterior, e assim não engordar. A pega incorreta também pode causar fissuras nos seios da mulher, prejudicando a amamentação com a dor que a mulher sente. A pega incorreta prejudica a sucção e isso pode levar a mãe a produzir menos leite, o corpo entende que deve produzir menos. E ai, a famosa receitinha de complemento com leite artificial do pediatra chega logo, sem dar a chance ao bebê de aprender a pega e tornar a sua mamada eficiente. Ganhando peso e mantendo-se saudável.

Ufa! Acho que de informações por hoje é o suficiente né! Fuja dos mitos!!! Na semana que vem vamos falar do problema que o Leite Artificial e outros complemento prejudicam a amamentação, em especial se combinados com bicos e mamadeiras!

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