Já estamos na terceira semana de
posts sobre o que pode levar ao insucesso na amamentação. As situações podem
acontecer isoladas ou somadas umas as outras e hoje vamos falar de três muito
importantes!!!
1- Amamentar com tempo marcado
Muitos cursos de orientação a gestantes com profissionais até “famosos”
na área insistem em repetir algumas orientações falsas e antiquadas em relação ao
tempo de amamentação. Primeiro dizem que os meninos mamam mais que as meninas.
E depois dizem que o bebê deve ficar 5 minutos de relógio marcado em cada
peito. Ou tem também a história de mamar por 15 minutos em um peito, tirar o
bebê e levar para tomar banho e, só depois oferecer 10 minutos de mamada no
outro peito.
Para começar as meninas já nascem destinadas a fazer regime né!? Não
existe nenhum embasamento científico para dizer que bebês do sexo masculino
mamam mais do que bebês do sexo feminino. Cada criança mama o tanto que
precisa, é individual e pessoal. E a produção de leite da mãe vai se adequar a
necessidade do seu bebê.
Ai entramos no problema de marcar o tempo para a amamentação. Como já
falamos nos posts anteriores a amamentação é um processo de aprendizagem, então
um bebê com uma sucção efetiva e eficiente pode até se sentir saciado em cinco
minutos, mamando todo o leite, mas isso não é regra para todos. Cada bebê deve
determinar seu próprio ritmo e tempo para mamar em um seio, e o tanto que
deseja mamar no outro. O mesmo acontece para o tempo de 15 minutos, que apesar
de ser maior e mais realístico, pode também prejudicar a amamentação e até
colocar a mãe estressada se o bebê não quiser ficar os 15 minutos em um mesmo
peito.
O problema de não respeitar o bebê esvaziar a mama é que não vai
garantir que ele mame o leite anterior e posterior. Hoje já sabe-se que o leite
materno é dividido em três fases em uma mesma mamada e que o leite mais
posterior é o mais rico em gorduras. Portanto, bebês que não tem a oportunidade
de mamar o leite todo da mama não engordam. Quando não engordam, logo o
pediatra já quer entrar com o complemento, sem procurar entender porque a amamentação
não teve sucesso, prejudicando ainda mais o processo. Mais especificamente do
complemento falaremos no post da semana que vem!
Outro problema ainda de marcar o tempo é que o bebê não vai sugar o
suficiente no peito, o que vai acabar levando o leite da mulher a diminuir, já
que a sua produção é regulada pela quantidade que o bebê suga. Diminuindo a produção
do leite, logo a mulher esta nervosa e o pediatra surge com a mágica sugestão do
complemento com leite artificial novamente!
Ah! E ainda tem a história de
interromper a mamada com um banho. O problema ai é que primeiro, você gostaria
de estar comendo e de repente, alguém vem, tira seu prato, iz que você tem que
tomar banho, e só depois pode continuar a comer? Eu detestaria e ficaria mal
humorada! E se já tivessse comido a maior parte do que desejava/precisava para
me alimentar bem, depois do banho estaria sem fome e não voltaria a comer, mas
daqui a meia hora estaria com fome de novo. Acontece exatamente o mesmo com os
bebês. Eles têm uma sensação de saciedade logo no inicio da mamada,
especialmente os mais novinhos que chegam até a dormir (e se isso acontecer
devem ser acordado para continuar mamando), e depois ainda vão para o banho,
acabam desistindo de continuar mamando. E ai, logo estarão com fome novamente!
O que resulta disso é uma mãe estressada e um bebê constantemente chorando de
fome.
2- Não respeitar a Livre Demanda
Existe um mito que bebê que mama demais e consequentemente fica muito no
colo ficará mimado, especialmente se a mãe atender todas as vezes que ele
chorar. E por isso as mamadas devem ter horário estabelecido desde o início,
criando uma rotina, acontecendo com intervalos de três em três horas.
Nessa história tem muitos problemas e muitas inverdades! A começar que
bebês que ficam no colo são mimados. A questão aqui é que bebês novinhos
precisam de aconchego, acalento, já que não conseguem se acalentar sozinhos. E
como fazer isso?
- Mantendo o bebê em contato corpo a corpo, pele a pele com a mãe, para
que percebe os contornos e limites do seu próprio corpo;
- Enrolando ele, contendo-o, nos chamados casulinhos, para ajudar a
organizar, ficando com as mãos centralizadas.
- Deixando que eles satisfaçam a sua necessidade de sugar. E a forma
saudável e adequada de sugar é no seio materno.
Essas são características da exterogestação. Uma teoria que
explica que os bebês humanos nascem pequenos e indefesos para terminar de se desenvolver
fora do útero, como podemos observar que acontece com seus órgãos, em especial
o intestino é fácil de perceber, e o cérebro. Bom, segundo essa teoria os três
primeiros meses de vida do bebê são como um quarto trimestre da gestação e por
isso precisam tanto da mãe.
Outro problema dessa teoria é que bebês não tem noção de tempo, portanto
não é estabelecendo um espaço de três horas que vai ajudá-los a estabelecer uma
rotina. O que eles primeiro tem que entender como rotina é a diferença entre
dia e noite. Algo básico como de dia nos saímos, passeamos, está claro, tem
sol, tomamos banho, tem barulho na casa e na rua. De noite não tem luz, é
escuro, ficamos no quarto e os barulhos são poucos. Rotina de horas marcadas vão
chegar com a idade!
Não atender o choro do bebê é sim um problema e muito diferente de não atender
ao choro de uma criança grande que já sabe falar e está fazendo manha. Os bebês
têm formas limitadas de se comunica e a principal delas é o choro. Por isso se
um bebê chora e não é atendido ele sofre, física e psicologicamente. Os bebês não
ficam mimados se forem atendidos no seu choro, eles passam a se sentir seguros
e confortados.
E finalmente o principal problema desse mito. Os bebês tem o estomago
pequeno e gastam muita energia pois estao crescendo e se desenvolvendo, mesmo
que passem a maior parte do tempo dormindo. O leite materno é preparado para a absorção
e não precisa ser digerido, portanto ele é rapidamente absorvido, na pequena
quantidade que o bebê consegue mamar por vez. À medida que crescem passam a
mamar maiores quantidades, com uma pega mais eficiente e ai vão espaçando as
mamadas. Isso quer dizer que bebês pequenos não conseguem ficar três horas sem
mamar, em geral mamam em intervalos menores e isso deve ser respeitado, em
livre demanda, para garantir um desenvolvimento saudável deles.
Adiar oferecer a mama causa ainda outros problemas. Quando o bebê chora
e a mãe escuta os seios começam a produzir mais leite. Isso é um reflexo. Então
a mãe está com o peito cheio e, se demora a oferecer ao bebê pode até ter
ingurgitamento ou empedramento o leite, futuramente levando a fissuras e
mastite. Prejudicando a saúde da mãe e a amamentação. Tem ainda o agravante que
se o bebê estiver nervoso, chorando e com muita fome ficará mais difícil fazer
a pega correta, especialmente em um seio muito cheio. E a pega incorreta
prejudica a amamentação como vamos falar no próximo item.
3- Pega Incorreta
O importante para o assunto de hoje é que uma pega incorreta pode levar
a uma sucção não eficiente do bebê, o que leva a não mamar todo o posterior, e
assim não engordar. A pega incorreta também pode causar fissuras nos seios da
mulher, prejudicando a amamentação com a dor que a mulher sente. A pega
incorreta prejudica a sucção e isso pode levar a mãe a produzir menos leite, o
corpo entende que deve produzir menos. E ai, a famosa receitinha de complemento
com leite artificial do pediatra chega logo, sem dar a chance ao bebê de
aprender a pega e tornar a sua mamada eficiente. Ganhando peso e mantendo-se
saudável.
Ufa! Acho que de informações por
hoje é o suficiente né! Fuja dos mitos!!! Na semana que vem vamos falar do
problema que o Leite Artificial e outros complemento prejudicam a amamentação,
em especial se combinados com bicos e mamadeiras!
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