Hoje o
texto do blog vai fugir um pouquinho do nosso tema. Quer dizer, talvez nem
tanto assim, já que fala das muitas lutas e defesas que já fiz nesse blog e na
rua junto com muitas de vocês! O certo é que eu precisava compartilhar isso
tudo com muita gente, não sei bem porque, talvez descubra depois... mas vamos
ao texto!
Um convite para o
gigante que acordou!
Se
você faz parte desses que acordaram agora e se somam aos que há muito não
dormem, para criarmos esse gigante, venho te fazer um convite.
Topa
continuar mudando o Brasil?! Topa construir uma nova forma de se fazer política
no nosso país?!
Se sua
resposta foi sim, vamos começar pelo debate no espaço virtual?!
Eu
gosto de um bom debate e adoro gente que debate comigo, com argumentos,
concordando e discordando!
Há
muito tempo os amigos e colegas de militância já me conhecem pelos textos e
e-mails longos! Esse não vai ser diferente! Vou me apresentar depois, mas já
queria adiantar isso e incluir a leitura como extensão do convite!
Diante
dos acontecidos das últimas semanas queria apresentar a vocês minha opinião,
minhas percepções e análises e algumas dicas que acho que podem nos ajudar a
avançar junto! Topa debater esse texto, concordando ou discordando do que eu
colocar?
As manifestações começaram por causa
do aumento da passagem em SP. Com pauta clara e definida, foco e direção de um
movimento social, o MPL! Tomaram fôlego após repressão violenta da Policia,
instrumento repressor do Estado. Muitos foram as ruas, contra o aumento das
tarifas e em contra a repressão violenta e desproporcional da polícia, em um
país democrático. As manifestações se espalharam em diferentes cidades e com
apoio de brasileiros em diferentes partes do mundo. Foi rápido, já que aprendemos
a usar uma nova ferramenta de organização, as mídias sociais, em especial o
Facebook (aprendizado esse que muitos europeus já estão passos a nossa frente).
Nos últimos 10 anos o Brasil teve grandes conquistas sociais, mas também deixou
de avançar em muitos aspectos. Os brasileiros pediam então mais. Mais
direitos!!! A indignação com os altos custos da copa também mobilizou muita
gente! Cada um foi defender a sua opinião ou bandeira/pauta, como costumamos
dizer. Alguns tentaram despolitizar o movimento, confundindo as pessoas com
pautas sem objetivo, sem direção. Outros tentaram politizar e organizar o
movimento! Movimento organizado tem mais chances de conseguir resultados! Tanto
que a principal pauta vitoriosa foi aquela que tinha foco, organização e liderança
– a diminuição da passagem. Outros tentaram se aproveitar do movimento para
destruir a cidade ou roubar. Talvez conscientemente, talvez incitados pela
massa, talvez desavisadamente, talvez numa explosão de extravasar a indignação
que ainda não tinha muita direção. Os mesmo que queriam despolitizar o
movimento antes aproveitam agora as imagens de violência para assustar os
brasileiros e nos tirar da rua! Tentam não enfatizar os enormes ganhos que
tivemos! Fomos as ruas, unidos e tivemos grandes conquistas!! Ir as ruas muda
as coisas! Mas o que aparece na televisão é que ir as ruas é perigoso, leva a
violência. Estranho no mínimo! Eu vou me focar nos ganhos que tivemos!
Aprendemos que a mobilização popular tem força! Acontece que as passeatas, um
importante instrumento de luta e reivindicação, começam a perder sua força em
muitas das cidades. Você que está chegando agora vai aprender logo que temos
vários instrumentos de luta, mas todos têm suas potencialidades e seus limites. Perdem a força exatamente porque caem na desorganização, despolitização e não
conseguem dialogar com a sociedade. As manifestações e passeatas não conseguem
definir o que querem, portanto fica difícil ver os ganhos e avanços, só
aparecendo a parte da violência. Acredito que agora é hora de reagrupar,
reorganizar! Talvez mudar de instrumento, talvez estabelecer foco, talvez nos
dirigirmos a outro grupo. Não tem resposta certa agora, cada cidade vai ter que
definir seu caminho e Belo Horizonte tem feito isso organizando assembleias! E apesar da violência da policia novamente, acho que essa forma de organização e unidade tem funcionado! Agora é estar junto nos próximos passos!
Dica 1 - Aprenda a
fazer análise de conjuntura - isso é, junte todos os fatos e interprete os
dentro de um contexto mais amplo, admitindo sempre que você mesmo influencia a
análise com as suas crenças ou ideologias – o que fiz acima foi o resumo de uma
análise de conjuntura e acho que esse vídeo pode ajudar a entender mais algumas
coisas – MAS POXA VIDA
Não
concorda com a minha análise de conjuntura? Ótimo! Porque não concorda? Qual a
sua opinião? Concorda, mas acha que esqueci de algumas coisas importantes? Ótimo!
O que ficou faltando?
Agora, para concordar ou discordar é
necessário saber do que está falando ou escrevendo. E nos dias de hoje, com a
rapidez que as informações circulam temos a tendência de dizer que somos a
favor ou contra algo sem nem mesmo ter tempo de entender toda a extensão “desse
algo”! Já se perguntou como o que defende pode afetar a sua vida, a sua cidade,
o seu país? Já se perguntou se o que defende trás benefícios para toda a
população ou uma parcela pequena da população? Já se perguntou qual parcela da
população quer defender? Quem defende o mesmo que você, diz o que? Quem é
contra, fala o que? Estudou e leu opiniões contra e a favor, sem usar uma única
fonte de informação? Não vale também ler só a manchete ou o título do post do
facebook!
Se a sua resposta foi sim, vamos ao
debate!!!
Dica 2 – Informe-se - estude
e entenda muito bem o que está defendendo. Formule a sua própria opinião e
tenha argumentos para sustentá-la, sem nunca abrir mão de aprender e de ouvir
quem tem outras opiniões.
Nossas
opiniões são coisa séria! Quando afirmamos algo temos que entender o que
estamos afirmando ou defendendo! Caso contrário, seremos manipulados pela
opinião de outros que entendem o que estão falando. Vou exemplificar a
importância disso com algumas situações que observei nas manifestações.
Algumas
pessoas que carregavam cartazes afirmando ser contra a PEC 37, ao passarem em
frente ao Ministério Público, pararam para vaiar. A vaia é uma manifestação de
descontentamento, certo? Mas essas pessoas diziam defender o Ministério
Publico, concordando que ele deve manter o seu poder de investigação, isso é,
são contra a aprovação do Projeto de Ementa Constitucional 37, a favor do que o
Ministério Publico quer. Essas pessoas me demonstraram que não sabiam o que estavam
defendendo! Concordam?
Outras
pediam o Impeachment da Dilma. No entanto, ao serem questionados o porquê a
presidenta deveria ser retirada imediatamente do seu cargo, em uma situação
excepcional no nosso regime democrático não conseguiam explicar onde estava a
gravidade dos seus atos contra o país. Se questionados quem ficaria no lugar da
Dilma, muitas vezes não sabiam quem seria o vice presidente! Tudo bem, eu sou a
favor da Dilma e você é contra. Acontece que vivemos numa democracia indireta,
nosso representante é eleito pelo voto direto, talvez faça mais sentido
disputar nas eleições, no voto, a saída da Dilma não?! Assim como faz em Belo
Horizonte o movimento Fora Lacerda! Eu vou disputar pela permanecia da Dilma na
presidência e pelo Lacerda fora de qualquer cargo em Belo Horizonte e Minas
Gerais, no voto, conquistando votos, fazendo campanha!
E por
fim, a situação mais grave de todas! Um coro de “sem partido” tomou conta das
manifestações. Inicialmente queria dizer que a pauta defendida, a diminuição da
tarifa, era uma pauta de todos e não desse ou daquele partido! Ótimo! É
verdade! Uma pauta raramente é exclusividade de um partido. Aliás, ela tem mais
chance de dar certo se muitos partidos e movimentos sociais a defenderem! E
sim, é melhor que não seja apenas um a frente das reivindicações ou tomando
decisões, o que não significa ausência de liderança!
O problema todo foi quando
o partido passou a ser um inimigo. Quando militantes de um partido começaram a
ser agredidos fisicamente e impedidos de participarem das manifestações!
Acontece que esses militantes já participavam dessa e de muitas outras
manifestações há muito tempo! E como todos os demais têm todo o direito de
estarem ali!
Os
partidos e movimentos sociais são formas de nos organizarmos, formas do povo
brasileiro se organizar!
O partido não tem vida sozinho como ser inanimado e
nem é apenas o político eleito, o partido são as pessoas, o povo, que o compõe,
que nele militam! Podem sim existir outras formas de organização e outras podem ser criadas! Mas
não significa que partidos e movimentos sociais vão deixar de ser legítimas! O Partido disputa também as
eleições dentro da nossa forma de organizar a democracia. Tudo bem que você
esteja descrente com todas as organizações partidárias e movimentos sociais, é
seu direito! Mas isso não significa que as pessoas que compõe esse ou aquele
partido não têm direito de estar nas ruas defendendo o que acreditam! Sim, não
deixem que nós, brasileiros que escolhermos nos organizar em um partido,
sejamos os únicos a liderar as manifestações! Estejam presente! Participem!
Sejam lideranças!
E
mais, rechaçar os partidos e dizer que eles não devem existir de forma alguma é
dizer que não concorda com a nossa atual forma de governo. Tudo bem se você
realmente quiser dizer isso! Mas entenda, se não quer uma democracia, com
representação indireta, presidencialista, o que quer? Que eu saiba, de todas as
formas das sociedades se organizarem até hoje, apenas nas formas de governo
totalitárias, como a Ditadura e a Monarquia, não existem partido. Eu pessoalmente
não quero voltar a nenhuma delas! Você defende uma dessas duas ou acredita que
outra forma de organização da sociedade, sem partidos, deve ser criada?
O
discurso do gigante que acorda e não precisa de partidos, já que os partidos
são corruptos e não fazem o país avançar é o mesmo discurso usado para
justificar o golpe militar de 1964. Foi desse argumento que instituíram o AI-5
– proibindo os brasileiros de se organizarem! Foi ai que por 20 anos
brasileiros foram torturados e assassinados em nome do progresso. Não é
exagero! Volte aos livros de história! Verifique você mesmo! Jogue no Google se
for o caso! Converse com quem viveu a ditadura! Eu não vou repetir esse
discurso de “sem partido” porque sem partido para mim significa sem a
participação do povo. Eu não quero voltar a ditadura. E você, o quer?
Dica 3 - Não negue a
história do seu país, aprenda com ela!!!
Perceba
também que essas manifestações de hoje não surgiram por combustão espontânea de
eventos no facebook. Elas estão em um contexto histórico, como tenho pontuado
ao longo do texto! Isso é, são fruto da soma de todas as manifestações que
temos feito nos últimos tempo! Nós quem? Os com-partido e os sem-partido que já
estavam acordados!
Vou
listar aqui as mobilizações que fiz só no último ano (em ordem alfabética, para
não dizer que me confundi com as datas ou que existe alguma ordem de preferência)!
E olha que essas são só as que me envolvi diretamente (cada uma de uma forma,
com diferentes instrumentos - seja passeata, assinatura, mesa de debate, apoio,
reuniões, escrevendo textos, construção dos movimentos, etc).
- 18
de Maio - Dia da Luta Antimanicomial - "Se não nos deixam sonhar, não os
deixaremos dormir" - pautando especialmente contra as internações
compulsórias e involuntárias;
- 8 de
Março - Dia Internacional das Mulheres - que nesse ano teve como pauta central
o repudio a Violência contra as Mulheres;
-
Contra a Violência obstétrica;
-
Contra as EBSERHs;
-
Contra o aumento de salários dos vereadores de BH.
- Contra
o Estatuto do Nasciturno;
-
Eleições Municipais para prefeito e vereador em BH;
-
Encontro Mineiros dos Movimentos Sociais;
-
Financiamento do SUS - 10% do PIB para a saúde - pauta do Movimento Saúde +10;
- Fora
Feliciano;
- Fora
Lacerda;
-
Greve dos trabalhadores da Prefeitura de Belo Horizonte;
-
Marcha do Parto em Casa;
-
Movimento da Humanização do parto;
-
Ocupação Eliana Silva - em defesa da moradia urbana;
-
Organização dos conselheiros de saúde em BH para uma intervenção de qualidade
nas diversas etapas das Conferências de Saúde;
- Pela
punição dos assassinos no Massacre de Felisburgo;
-
Reforma Política;
Observe
que essas são só as lutas que eu participei no último ano! Conheço e apoio
ainda muitas outras causas e tenho certeza que existem outras tantas,
legítimas, que não conheço! A lista ficaria enorme, mas acho que deu para
entender o ponto né?! (Se não entendeu alguma das pautas que coloquei não deixe
de perguntar e de estudar, especialmente antes de tomar um posicionamento).
Tem muita gente de muito partido e movimento social diferente defendendo a redução
do preço das tarifas de transporte e o Passe Livre há muito tempo! É por essas
e outras que dizemos que não estávamos dormindo! Estávamos muito acordados, mas
acredite, cada um de vocês fez muita falta em cada uma dessas lutas! Eu senti
falta mesmo e quero vocês ao meu lado agora! Com a sua opinião, seja ela qual
for!
Dica 4 – ORGANIZE-SE –
não quero dizer que tem que ser junto comigo! Pode ser da forma que você
entender que é melhor, mas acho difícil alguém não concordar que as pessoas
organizadas têm mais força e mais chances de atingir seus objetivos!
E ai?
Parte do que eu falei fez algum sentido para você?
Quem sou eu?
Meu
nome é Luísa da Matta Machado Fernandes, belorizontina, com 28 anos. Socialista,
feminista, marxista e trotskysta (e eu sei o que significam todos esses
"istas" - deu trabalho estudar, mas valeu a pena).
Cresci
na contradição das minhas famílias, já que uma parte cresceu no quartel militar
durante a ditadura e a outra liderava a resistência e oposição ao regime! Sempre
procurei entender dos assuntos e sou muito crítica. Depois que entrei na
universidade não parei mais de militar. Logo reconheci a necessidade de me
organizar para poder somar as forças e procurei participar das entidades que
considerava representativas, estar nos grupos/coletivos que expressavam ideias
semelhantes as minhas e ao lado dos Movimentos Sociais dos quais me
identifiquei com as pautas.
Fui da
coordenação do DA FONO UFMG, da DENEFONO, DCE UFMG, UEE MG (para quem não sabe
é o braço da UNE nos estados), Juventude Revolução (JR), Marcha Mundial das Mulheres, SINFEMG, Espaço
Saúde MG (para quem não entendeu todas as siglas, ótima forma de começar,
pergunte!!! Procure saber o que cada uma dessas entidades e coletivos defende e
já organizou)
Minha
bandeira de defesa principal e mais apaixonada é defesa do Sistema Único de
Saúde – o SUS!
Hoje
me organizo na Esquerda Popular Socialista (EPS) que é uma corrente interna do
PT - Partido dos Trabalhadores e construo o Núcleo de Saúde do PT BH.
Essa apresentação tem o único objetivo de situar
a todos de onde falo! Ser clara sobre isso, porque só com esse tipo de clareza
podemos ter um diálogo aberto e franco, já que as minhas opiniões são fruto da
minha história, que inclui como me organizei e como me organizo hoje!
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