Sim, o
estado emocional de uma mulher tem grande influência no desenvolvimento do seu
trabalho de parto. Quando isso acontece chamamos de distócia emocional!
O que é a distócia emocional!?
É
quando um trabalho de parto não evolui como deveria por questões psicológicas
da mulher.
E essa
“não evolução” pode levar a um trabalho de parto muito longo ou a liberação de
hormônios de situações de estresse que interrompem a dinâmica uterina. A
situação pode causar estresse ao bebê, diminuição do fluxo de oxigênio e
consequentemente a necessidade de uma cesariana de urgência. Por isso a questão
é grave e precisamos pensar em como prevenir a distócia emocional!
Como a distócia emocional se manifesta?!
Um caso
típico é a mulher que sente uma dor absurda logo no início do trabalho de
parto. É verdade que a dor é algo subjetivo, no entanto, podemos perceber
quando ela é desproporcional à situação, concordam?! Por exemplo, uma criança que
ralou o joelho e chora o mesmo tanto que a criança que quebrou a pena! Tem algo
errado nessa situação! Provavelmente essa criança esta se comportando assim por
algum outro motivo, válido e importante, ma
s não
apenas pela dor! E precisamos entender o que esta acontecendo para melhor
acolhê-lo!O mesmo vale para uma gestante no início do trabalho de parto que
sofre com uma dor absurda durante as contrações, e às vezes fora das
contrações. Uma dor maior inclusive do que a que a maioria das mulheres relatam
sentir num período expulsivo, que se caracteriza por um trabalho de partointenso e contrações longas, quase sem intervalos entre si. Para essa
mulher não adianta nem mesmo a anestesia! Inclusive a anestesia no início do
trabalho de parto pode ser um complicador que leva a uma cesariana! Essa
dor pode significar o medo de algo maior do que a da dor do parto! Medo, violência,
desamparo, medo do que está por vir, medo do já aconteceu, medo de repetir!
Como a mulher se preparou para essa dor? Como superar esse medo antes que vire
uma distócia emocional? Como acolher essa dor durante um trabalho de parto?
Diferentes técnicas psicológicas e de alívio não farmacológicas de alivio da
dor, podem ajudar!
Outro
caso comum é uma mulher que a dilatação não evolui ou a dinâmica uterina não é
eficiente (isso é, as contrações permanecem curtas e com baixa intensidade). Sabemos
que cada mulher tem sua evolução no parto e especialmente as primíperas podem
ter uma evolução lenta, com um trabalho de parto demorado. Mas, se observamos
que o trabalho de parto caminha bem, o tempo entre as contrações diminui e é
ritmado, a mulher movimenta se livremente e escolhe as suas posições, não
apresenta cansaço e exaustão do esforço, não está fraca por falta de
alimentação, e mesmo assim, depois de horas não há evolução do trabalho de
parto... Precisamos entender o que acontece! Já vi casos em que a mulher estava
inibida com a presença de um médico homem, outros inibida com a presença do
marido. Não sentiam se confortáveis com a sua nudez. Já vi casos que o trabalho de parto
só evoluiu depois que a mulher saiu de sua casa. Isso porque em casa, com a
presença da mãe e da sogra, o clima era tenso e ansioso, impedindo que a
gestante se entregasse ao seu processo!
Podemos
também observar a distócia emocional no período expulsivo do trabalho de parto.
É normal no momento do expulsivo, pelos hormônios liberados para acelerar a
saída do bebê, a mulher passar por sentimentos de euforia e pânico, numa
alternância rápida e dinâmica. O problema é quando esse sentimento toma conta
da mulher, instalando uma situação de medo, que impede que ela perceba o puxo e
direcione as sua força, junto às contrações, para a expulsão do bebê, isso é,
seu nascimento. É uma sensação de paralização e desespero, manifestado
inclusive junto a uma desorganização no ritmo respiratório da mulher! Esse é um
caso grave e dificilmente há tempo hábil para uma cesariana! A abordagem da
equipe e dos acompanhantes será fundamental para que a mulher supere esse
momento e consiga trazer seu bebê ao mundo!
O que podemos fazer durante essas situações?!
O
primeiro passo é identificar a não evolução do trabalho de parto pela distócia
emocional. Identificando a situação, doulas, acompanhantes e demais profissionais
de saúde, precisam buscar as causas da distócia e procurar eliminá-la o mais
rápido possível!
Se for
algo no ambiente ou a presença de alguém, retirar a pessoa ou modificar o
ambiente. Fazendo o que for necessário. Ajudar a mulher a concentrar se no seu
trabalho de parto, usando a parte instintiva do seu cérebro, percebendo seu
corpo é também muito importante. Para isso pode ser necessário mudar coisas no
ambiente, como luzes, barulhos, posições e pessoas. Ou pode ser necessário um
trabalho direto com a mulher. Ajudá-la a controlar a respiração. A compreender
a dor como a chegada de seu filho e não algo que a ameaça. Abraçá-la se for
necessário. Conversar e argumentar quando for o caso! Ficar em silêncio e
evitar o toque se for esse o caso!
É
sempre uma situação dinâmica e quanto melhor o acompanhante, a doula e o
restante da equipe conhecerem essa gestante, quanto maior o seu vínculo,
melhor, mais rápida e mais efetiva será a intervenção!
Mas o ideal é evitar que essa situação aconteça!
E como podemos fazer isso?!
O
primeiro passo é a mulher informar se e preparar se para o seu parto!
Se ela
for protagonista do seu parto, estará no controle da situação!
Deve
entender o que vai acontecer, saber como lidar com a dor, e tirar da sua cabeça
as imagens assustadoras de parto que vemos na televisão!
É importante
que construa a sua imagem do seu trabalho de parto. O que deseja?! Como vai
construir essa situação?!
São
perguntas fundamentais e um bom ponta pé para a construção do seu Plano de
Parto.
Importante
também a mulher se perguntar de que ela tem medo! Já falei disso em outrotexto e acho esse um passo muito importante! Durante a gestação diferentes
medos surgem na nossa mente e coração! Alguns que sempre tivemos e outros que
não sabíamos existir. E reconhecê-los é fundamental para podermos trabalhá-los
antes do parto. Mesmo que eles pareçam bobos ou sem fundamento, devemos ouvi-los
e nunca ignorá-los!
Uma
querida psicóloga que trabalha comigo sempre ressalta que é importante
trabalharmos o nosso parto! Isso é, como nascemos?! O que aconteceu nesse dia?!
Quais os medos, traumas e mitos da família?! Precisamos primeiro nos resolver,
aceitar e entender como nascemos para podermos trazer outra vida ao mundo! Uma
boa forma de começar não?!
Gratidão pela partilha de conhecimento!
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