quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Quando é necessário usar o Leite Artificial / Complemento para recém nascidos?!


O Leite Artificial é uma importante tecnologia desenvolvida para imitar as características do leite materno, variando com a idade dos recém nascidos. Acontece que essa tecnologia foi desenvolvida para os bebês que não podem ser amamentados pelo Leite Materno.

Infelizmente essa tecnologia do LA tem sido usada de forma indiscriminada, receitada por profissionais de saúde, indicada pelos palpiteiros de plantão ou pela insegurança das mães. As razões mais comuns para se usar o leite artificial como complemento ou substituto ao leite materno:
- O Leite da mulher não desceu
- O Leite da mãe é fraco
- A mulher tem Pouco leite
- O bebê precisa dormir a noite toda
- O bebê não esta ganhando tanto peso quanto deveria (apesar de estar ganhando peso, crescendo e estar super saudável).



Todos esses motivos são falsos. Eles não são motivos reais de necessidade para o uso do complemento ou da substituição do leite materno. Não existe leite fraco, o leite materno é adequado à necessidade do bebê, assim como a mulher produz a quantidade de leite necessária para seu bebê, se deixar que ele sugue, em livre demanda. Cada criança é única e se vai dormir a noite toda ou se ganha 30 gramas ou 20 gramas por dia é individual, dependendo de uma combinação de fatores, não devemos encaixar os pequenos em padrões fixos, mas sim acompanhar seu desenvolvimento saudável. Quem quiser ler sobre esses temas que já falamos várias vezes aqui no blog é só clicar aqui.

Mas esse post é para esclarecer quando realmente existe necessidade do uso do Leite Artificial. Que se usado de forma indevida pode prejudicar a saúde do bebê e interferir no aleitamento materno. A OMS, a UNICEF e o Ministério da Saúde desenvolveram uma lista das “Razões Médicas aceitáveis para uso de substitutos do leite materno”. Confira abaixo as razoes e veja se você e seu bebê se encaixam nela, se não, é necessário repensar e questionar o uso ou indicação do uso do leite artificial.

CONDIÇÕES DA CRIANÇA

Lactentes que não devem receber leite materno nem qualquer outro leite, exceto fórmulas especiais:
- Lactentes com galactosemia clássica: é necessário uma fórmula especial isenta de galactose.
- Lactentes com doença da urina de xarope do bordo: é necessário uma fórmula especial livre de leucina, isoleucina ou valina.
- Lactentes com fenilcetonúria: é necessário uma fórmula especial isenta de fenilalanina (alguma amamentação é possível, sob monitoramento cuidadoso).

Lactentes para os quais o leite materno é a melhor opção de alimento, mas que podem necessitar de complementação com outro leite por um período limitado:
- Lactentes nascidos com menos de 1500g (muito baixo peso ao nascer);
- Lactentes nascidos com menos de 32 semanas de idade gestacional (muito prematuros);
- Lactentes com risco de hipoglicemia em virtude de adaptação metabólica comprometida ou demanda aumentada de glicose, como são os pré-termos, pequenos para idade gestacional ou que tenham experimentado significante estresse com hipoxia e isquemia intraparto, aqueles que estão doentes e cujas mães são diabéticas; e se sua glicemia não melhorou com a amamentação ou com leite materno.

CONDIÇÕES DA MÃE

Condições maternas que podem justificar evitar amamentar de forma permanente:
- Infecção pelo HIV 1 – quando a substituição da alimentação é aceitável, factível, acessível, sustentável e segura (AFASS);

Condições maternas que podem justificar evitar amamentar de forma temporária:
- Doença grave que impede a mãe de cuidar de seu filho, por exemplo, sepsis;
- Vírus do Herpes simplex tipo 1 (HSV-1) – o contato direto entre as lesões mamárias da mãe e a boca do bebê deve ser evitado até que as lesões estejam curadas;
- Medicações maternas: - drogas sedativas, psicoterápicas, anti-epiléticas e opiáceos e suas combinações podem causar efeitos colaterais tais como tontura e depressão respiratória, devendo ser evitadas se existirem alternativas mais seguras;
- A mãe pode voltar a amamentar cerca de dois meses após ter recebido iodo-131 radioativo (esta substância deve ser evitada já que existem alternativas mais seguras);
- O uso em excesso de iodo ou iodofor tópico (ex. povidone-iodato), especialmente em mucosas ou feridas abertas, pode resultar em anormalidades eletrolíticas ou supressão da tireóide no bebê amamentado e deve ser evitado;
- Quimioterapia citotoxica - usualmente requer que a mãe deixe de amamentar durante a
terapia.

Condições maternas durante as quais amamentar não é contra-indicado, embora elas representem problemas de saúde que causam preocupação:
- Abcesso mamário – a amamentação deve ser mantida na mama não afetada; quanto à mama afetada, deve-se retornar somente após a drenagem do abscesso e início do tratamento antibiótico;
- Hepatite B – os lactentes devem receber vacina contra a Hepatite B nas primeiras 48 horas ou
assim que possível;
- Hepatite C;
- Mastite – se a amamentação for muito dolorosa, o leite deve ser removido por ordenha para prevenir a continuidade da mastite;
- Tuberculose – a mãe e o bebê devem ser tratados conjuntamente de acordo com as recomendações nacionais;
- Uso de certas substâncias - já se demonstrou que tem efeitos danosos sobre o bebê amamentado o uso pela mãe de nicotina álcool, ecstazy, anfetaminas, cocaína e estimulantes relacionados; - álcool, opiáceos, benzodiazepínicos, álcool e maconha (cannabis) podem causar sedação tanto na mãe como no bebê. As mães devem ser incentivadas a não usar tais substâncias e ter oportunidades e apoio para abstinência.
(OMS 2009)

Informações de utilidade publica para mães e profissionais de saúde não?



Um comentário:

  1. Cara Morena! ótimo teres reproduzido as "Razões Médicas Aceitáveis para uso de substitutos do leite materno" da OMS. Solicito que retires do blog a fotografia da lata de fórmula infantil pois, embora não sendo tua intenção, estás promovendo esse produto. Desde 1988, no Brasil, é proibida a promoção comercial de fórmulas infantis, mamadeiras, bicos e chupetas (Lei 11.265/2006); sempre que expomos esses produtos, estamos promovendo-os, concordas? Abraço!! Celina Valderez/Porto Alegre, RS

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