Lembram do
e-mail da minha amiga, que publicamos aqui na semana passada? Quem não leu vale
a pena ler! Acho que muitas mulheres vão se identificar com as questões que ela
coloca! É só clicar aqui!
E olha só
como foi a minha resposta para ela! E vocês, o que responderiam???
Oioi,
olha o
primeiro passo nisso tudo você já deu, é questionar esse “status quo” que vemos hoje. Costumamos falar que saiu da matrix! Discordo da sua mãe que você
pensa muito a frente! Eu também penso muito sobre como será o meu parto e o que
posso fazer para garantir que ele seja meu e que eu e meu bebê sejamos
respeitados!
É
assustador pensar que mais da metade dos nascimentos no Brasil foram por
cesariana, no ano passado. As pessoas parecem se esquecer que Cesárea não é um
tipo de parto e sim uma cirurgia abdominal de alto risco. E essa cirurgia vira
algo normal. É muito estranho que a OMS indique que 15% dos nascimentos é
aceitável ser por cesárea, já que é uma índice de possíveis complicações, mas
no Brasil temos 54%!!!
Existem as
mulheres que não tem informação e acabam sendo erroneamente induzidas a uma
cesárea. Como você disse, estão sensíveis e muitos se aproveitam desse momento.
É muito difícil para uma mulher ouvir que seu filho pode morrer, seu bebê está
sofrendo ou se esperar mais é por sua conta e risco. Sem conhecimento e sem
apoio a grávida acaba optando pelo o que parece a melhor solução, mais segura,
quando na verdade não é.
Muitas
mulheres também tem medo dos mitos do parto normal, como a vagina vai ficar
alargada ou a dor é insuportável e por ai vai. Mas na maioria das vezes elas
estão pensando nos partos normais “franksteins”
que vemos na TV ou que nos contam, porque as noticias ruins e cabeludas são
sempre as que circulam com mais facilidade. A psicóloga que trabalha comigo no
curso de gestantes costuma perguntar sempre sobre esse nosso imaginário do
parto. Porque como nunca passamos por isso não conseguimos criar uma imagem
real e ai, o que criamos, é a imagem da TV. Uma mulher sofrendo, desesperada,
que depende de assistência médica para sobreviver. Submetida a procedimentos
horríveis, que hoje já sabemos que cientificamente são desnecessários e não
recomendados (como tricotomia, enema,episiostomia e outros), especialmente se acontecem sem o consentimento da
mulher. Na Rede Globo uma criança nascer saudável e a mulher estar viva após o
parto é praticamente um milagre.
Infelizmente
também existem aquelas mulheres que optam pela cesárea por ser prático, rápido
e indolor. Elas então agendam o dia do bebê nascer, de acordo com a atribulada
agenda de festas e trabalho. Passam no salão antes, já que a prioridade é estar
bonita nas fotos e não a saúde do bebê. E depois da cirurgia se dopam de
remédios no pós operatório enquanto uma enfermeira cuida da criança. Também não
amamentam e logo passam para o NAN namamadeira, já que amamentar
exige tempo e dedicação. Depois contratam uma babá para cuidar do filho.
Costumo dizer que são as crianças
terceirizadas. Infelizmente uma realidade da nossa sociedade. Mas é
exatamente por isso que falamos que precisamos mudar a forma como estamos
nascendo. Uma criança que nasce assim vai viver desconectada da mãe e da
família, ligada num mundo artificial. Uma mulher que pariu seu filho e sentiu a
dor e o prazer desse momento tem um instinto materno de proteção. Não entrega a cria para ninguém. Éfisiológico e hormonal. É claro que não significa que quem teve cesárea não
vai ser uma boa mãe, mas as escolhas e decisões começam desde a gravidez e o
parto, de como cada mulher vai criar seu filho.
Agora o
pior são as cesáreas por necessidade dos médicos. O que a sua GO falou não é
verdade. Não tem que ser especialista em nada para fazer um parto normal ou
natural e muito menos um parto na água. Aliás, os médicos e enfermeiro
obstetras não fazem o parto, eles assistem ao parto, especialmente se estamos
falando de um parto de baixo risco, o papel deles é mínimo. Como você disse,
quem pari é a mulher e não o médico.
Temos um
problema hoje que vem desde a formação médica. Muitas vezes os residentes se
formam sem nunca ter feito um parto normal, dependendo do hospital em que
trabalham. Ai eles tem medo do desconhecido. Medo de algo que não são eles os “super
médicos com saberes inquestionáveis” que controlam. Então induzem a mulher para
uma cirurgia, onde eles controlam, e fecham os olhos para as evidencias científicas
que mostram os nascimentos de pré maturos (comtodas as consequências que são bem consequências, como bebês na UTI, problemasrespiratórios e outros) por cesáreas agendadas e o aumento de morte materna
devido a complicações cirúrgicas.
Agora ainda
tem os médicos que estão preocupados com a questão financeira e no seu
interesse próprio, e não no interesse da mulher. A cesárea eles fazem em 15
minutos. Sem brincadeira, em quinze minutos já entraram e saíram do bloco. E
como você pode presenciar é uma cirurgia muito invasiva, brutal e num ambiente
desumano. É assustador como, próximo a feriados, especialmente como carnaval e
ano novo, as taxas de cesárea sobem absurdamente. Muitos médicos não estão
dispostos a acompanhar as mulheres durante o trabalho de parto, que não tem uma
duração determinadas!
E ai, para
induzir a cesárea ouvimos de tudo... desde que a circular de cordão pode
enforcar o bebê ao nascer, a ele não esta encaixado com 29 semanas então vamos
agendar a cesárea, ou ele é grande demais com 3 kg, ou sua pressão 13/08 está
alta demais, você não tem passagem, não teve dilatação depois que a mulher já
dilatou 5 cm... enfim... tem os absurdos que eles usam para manipular as
mulheres e infelizmente as situações que eles realmente estão mau informados!
A maior
tristeza de toda essa história é que essa situação que você encontra entre as
mães eu pergunta sobre o parto no Teste da Orelhinha não é exclusiva de uma
cidade pequena, acontece também em BH.
Aqui temos
visto que o que adianta é mesmo um movimento debaixo para cima. Ou seja,
mulheres informadas que começam a questionar essa situação. Pressionam os
médicos, buscando o melhor para elas, buscam apoio de enfermeiras obstetras
para construir equipes de parto domiciliar, constroem seu Plano de Parto, questionam os protocolos dos
hospitais (como não deixar a mulhercomer, ficar no soro direto, não deixar o acompanhante sempre com a mulher).
Acho que é
esse movimento que vocês têm que começar ai. Questionar mesmo, perguntar, se
informar. Buscar apoio no SUS também costuma funcionar, porque minimamente tem
uma política mais direcionada para o parto Normal e para a humanização.
Quem já
está grávida eu aconselharia a construir um Plano de Parto, buscando informações pela internet. E ai com ele em mãos ir
de médico em médico colocando o que deseja, como entende o seu parto e vendo a
reação deles. Vai trocando de obstetra até encontrar um que realmente esteja
disposto a trabalhar junto com a mulher.
Bjus
Lu
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