Estavam lá
pensando como poderiam ganhar mais dinheiro. E observaram que as mulheres frequentemente
tem filhos e que elas vão continuar dando a luz a seus bebês. Só que isso é um
processo demorado, que depende intimamente da mulher, de seus instintos, de sua
conexão com o seu corpo e esta diretamente ligado a sua saúde mental e física.
Só que saúde não
dá dinheiro, o que dá dinheiro é doença e cirurgia. Então ao transformar a
condição de grávida da mulher em um evento de doença que “inspira cuidados”
(expressão muito usada por obstetras, que para mim transmite a ideia de
vulnerabilidade, oposta a de empoderamento que vejo e desejo para as mulheres)
e o parto em uma cirurgia, passaram a poder cobrar muito por esses cuidados que
necessitam de tecnologias de ponta e saberes específicos. O bebê deixa de ser o
filho gestado e sonhado para ser “produto conceptual” (outra expressão de obstetras
que me arrepia, me fazendo pensar em uma sociedade com bebês comprados em prateleiras
ou pela internet).
Perde-se então o
encanto do parto, sua força capaz de transformar uma mulher em mãe.
Só vamos conseguir
“humanizar o parto” (mais uma expressão assustadora, já que acaba refletindo a
nossa sociedade, que parece de alguma forma conseguir que eventos do homem
deixem de ser humanos) se as mulheres retomarem o parto para si. E isso
significa um reconhecimento da sociedade que nós somos animais, mamíferos e
seres sexuais.
A maioria dos
animais mamíferos segue o seguinte ritual quando a fêmea entra em trabalho de
parto. Ela se afasta do bando, para um local seguro e quieto, longe da
testosterona masculina, é acompanhada apenas por fêmeas, que garantem a sua
segurança e alimentação durante o trabalho de parto. Assim a fêmea pode, com o
seu instinto, ou seja, o neo córtex trabalhando, e conectada com seu corpo,
estimulada por seus hormônios naturais, trazer seu filhote ao mundo.
E nós humanos o
que fazemos? Dizemos a mulher para não seguir seus instintos. Que ela não pode
ficar sozinha. Que raramente o corpo de uma mulher é capaz de parir uma criança
(fico pensando então como estamos chegando a 7 bilhões de pessoas no mundo?) e
que ela precisa ir para um hospital, um local frio, desconectado de sua
realidade, cheio de aparelhos que não sabemos para que serve e nos submeter às
intervenções de outras pessoas, muitas vezes homens, além de receber hormônios
artificiais, já que aparentemente nossos hormônios naturais por algum motivo
não são o suficiente.
Quando foi que deixamos de ser mamíferos??? Porque
fazemos exatamente o posto dos nossos semelhantes????
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