Em 2008 o
município de Belo Horizonte realizou o “Seminário BH pelo Parto Normal”,
organizado pelo Movimento BH pelo Pato
Normal. O Seminário resultou em uma publicação bem bacana, que tem o mesmo
nome deste, e foi organizada por três mulheres que merecem sempre ser lembradas
pela luta na Humanização do Parto – Sônia
Lansky, Mônica Bara Maia e Miriam Rego de Castro Leão.
Nesse seminário Michel Odent (Obstetra, Diretor do Primal Health Research Center em Londres
e grande defensor do Parto Natural) fez a palestra de abertura intitulada
“Parto e Nascimento no mundo Contemporâneo” onde aprendi que: a Ocitocina é um
hormônio tímido!!! Esse ensinamento é um dos meus guias na hora de atuar como
doula (Quem quiser saber mais sobre o que é uma Doula, CLIQUE AQUI)! Isso
porque no momento do trabalho de parto as coisas vão acontecendo de maneira
encadeada, e não temos todo o controle, afinal o parto é da mulher e cada
mulher é uma e, na hora do parto, se torna mais única ainda. Então, como Doula,
preciso ir observando as situações e decidindo qual a melhor forma de ajudar a
mulher a ter o parto que deseja fazendo o mínimo de intervenções (Tem uma amiga
Doula que fala que nosso papel é dominar a arte de ser invisível e fazer a
diferença).
Por isso queria
partilhar um pouquinho com vocês o que significa a ocitocina ser um hormônio
tímido! Informação que todas as mulheres devem ter para considerar na hora de
montar seu Plano de Parto (para quem sabe o que é Plano de Parto CLIQUE AQUI).
A Ocitocina
também é conhecida como o Hormônio do Amor, isso porque o produzimos em
grande quantidade quando estamos fazendo sexo. Eu acho esse o hormônio mais legal de todos! Porque além de ser o
do sexo (que já é muito bom!), ele promove também a contração do útero durante
o trabalho de parto e depois do parto, ajuda no estabelecimento vínculo mãe e
bebê e na descida do leite materno. Ajuda também na volta do útero ao seu
tamanho normal e ajuda a mulher e se esquecer da dor do trabalho de parto.
A primeira delas
é que só liberamos a ocitocina quando estamos em um ambiente reservado e pouco
iluminado. Ou seja, se a mulher estiver exposta a um entra e sai de
profissionais estranhos que ficam invadindo a sua intimidade, muitas vezes sem
seu consenso, e com uma luz forte direcionada para sua vagina, definitivamente
não vai liberar a ocitocina.
A segunda é que
se liberarmos Adrenalina, não conseguimos liberar ocitocina. São hormônios antagônicos.
E nós liberamos adrenalina quando nos sentimos em situações de perigo. E ai, se
a mulher ficar em um lugar frio e inóspito como uma sala de cirurgia, onde não
pode tocar em nada, não pode se mover e procurar a melhor posição, não pode se
alimentar e tem uma agulha enfiada na veia ligada ao soro e muitas vezes
permanece sozinha (desrespeito a lei do acompanhante), com certeza se sentirá ameaça e com medo. A mulher que
também não tem a informação sobre o trabalho de parto, é submetida a
procedimentos invasivos sem saber os motivos e quem esta a sua volta não a
ajuda a encarar a dor do parto com tranquilidade, definitivamente se sentirá
ameaçada, produzindo muita adrenalina.
Ainda tem uma
terceira condição de liberação da ocitocina, que ocorre em grande quantidade
logo após o trabalho de parto. Durante todo o parto o corpo da mulher libera a
ocitocina em pequenas quantidades crescentes para a contração do útero. Depois
do parto, do período expulsivo, idealmente acontece uma super dosagem de
liberação da ocitocina, que permite a diminuição do sangramento pós parto, a
expulsão da placenta, a descida do colostro e o estabelecimento do vinculo mãe
bebê. Mas essa super dosagem só é liberada no contato pele a pele, mãe e bebê,
imediatamente após o parto.
Então se o bebê
é levado para longe pelo pediatra, para ser avaliado, limpo, etc esse contato
não acontece, e assim não é liberada a ocitocina. E a mulher vai precisar então
da ocitocina artificial... e o bebê, que em situações normais poderia ter esses
cuidados pediátricos depois do contato com a sua mãe, fica ali se sentindo
perdido nesse novo mundo estranho.
É por isso que,
como Doula, procuro sempre garantir que a mulher tenha um ambiente calmo,
acolhedor e tranquilo, não invasivo e não assustador, considerando seus
desejos.
Todos os
profissionais da saúde presentes no momento do parto deveriam ter conhecimento
das condições de liberação da ocitocina, conhecimento científico e intuitivo
das mulheres e de todas as fêmeas. Infelizmente essa não é a nossa realidade no
Brasil e, por isso, essas considerações devem estar nos Planos de Parto das
mulheres, exigindo seus direitos!
Nós mulheres
precisamos sair por ai em defesa da OCITOCINA, um hormônio tímido, mas super
legal, que precisa que gritemos a seu favor, defendendo seu momento de espaço
de aparecer!
Maravilha de matéria! Parabéns!
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