domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Ilustração e o Sentimento

Nas histórias e livros com texto escrito a ilustração tem o seu lugar. A página ganha magia e encantamento. A ilustração ajuda a transportar-nos para o mundo do maravilhoso, chama a atenção do leitor, prendendo-o à história. No entanto temos que tomar cuidado com a caracterização dos personagens. Algumas vezes podemos quebrar o encanto do imaginar a cara de um personagem, outras vezes limitar a imaginação através de uma ilustração.

Abramovich (1989) observou que, nos livros infantis, o ético e o estético são reforçados. A bruxa e o gigante são sempre assustadores. A princesa e o príncipe sempre loiros e bonitos. Padrões estéticos e estereotipados da nossa sociedade.

Nas histórias infantis há espaço para todos os tipos de sentimentos. É assim que a criança, que ainda não consegue separar o sentimento do mundo real do mundo da imaginação, vai conhecê-los e aprender a lidar com eles. Encontramos nas histórias idéias engraçadas, o tédio, o aborrecimento, o mau humor, a irritação, lamentações, queixas, a incompetência adulta, sustos, espantos, verdades, alegrias, prazeres, amor, saudade...

Cada autor aborda o sentimento de uma forma diferente. Monteiro Lobato é mestre na arte de fazer sentir. Todos conhecemos sua personagem Emília, a boneca falante, do Sítio do Pica Pau Amarelo. Emília é faladeira, irreverente, fala o que pensa e sente na hora que quer, gosta e desgosta, manda e desmanda, aprende a lidar com seus sucessos e seus fracassos, chora, ri, sente medo, ciúmes, inveja, saudade, alegria e amor. Com a Emília as crianças aprendem também novas maneiras de enfrentar as mais diferentes situações e conhecem lugares inimagináveis. Conhecer o mundo da Emília é deixar a imaginação correr solta.

O mundo das histórias é vasto e enriquecedor. Uma criança não pode ficar de fora desse mundo. E um adulto, se quiser se manter saudável, sempre criança, não deve nunca se desligar do mundo do maravilhoso. É papel do adulto propiciar às crianças novas experiências de contato com livros e histórias, entrando assim ele mesmo em contato, e garantindo um bom desenvolvimento intelectual e emocional da criança.

Texto por: Luísa M M Fernandes
(Fonoaudióloga – CRFa 6630 e Doula)

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