Quando eu era pequena andava no banco de trás fazendo a maior confusão no carro! Junto com meu irmão e muitas vezes primos e amigos. Uma das brincadeiras mais divertidas durante as viagens para Ubatuba era sentar no meio do banco traseiro e ir acompanhando a estrada, fingindo que éramos o Airton Sena em uma grande corrida! Hoje fico imaginando os riscos que corríamos! Não me entendam mal, meus pais foram sempre muito cuidadosos e nunca realmente imitaram o Airton Sena na questão da velocidade, mas realmente acho que não pensavam que estávamos correndo um grande risco.
Os anos se passaram e as nossas percepções mudaram. Nosso conhecimento em relação ao carro e procedimentos de segurança mudou. Em 2006, quando depois de 10 anos ganhei uma priminha nova, Iara, percebi essa diferença. Ela sempre andou de carro na cadeirinha, adequada para a sua idade. Todas as vezes que saio com ela carrego criança, a sacola, os brinquedos e a cadeirinha do carro. Não me importo não, mas às vezes é até um tanto engraçado, inclusive pela minha falta de prática. Iara nunca discutiu se iria ou não na cadeirinha. Simplesmente ao entrar no carro já ia direto para o seu lugar e assistia pacientemente enquanto eu lutava com as orientações de passa cinto pra lá ou pra cá. Agora já sou quase uma “expert” no assunto!
No ano de 2008 foi criada uma lei no Brasil para regulamentar a obrigatoriedade do uso das cadeirinhas para transportar as crianças até 7 anos e meio. A resolução 277 do CONTRAN (Conselho Nacional de Transito) que regulamenta o transporte de crianças de até 10 anos de idade entrou em vigor em setembro de 2010, trouxe muita polemica, junto com a punição de 7 pontos na carteira e multa de mais de 190 reais.
Nessas férias me deparei com uma dessas polemicas. Minha agora mais nova priminha, Mariana, de 6 meses, iria viajar para Ubatuba. A mãe estava ansiosa com o tempo da viagem, já que teriam que parar muitas vezes para amamentar Mariana, que está em aleitamento materno exclusivo. Fiquei pensando nisso e fui pesquisar na internete. Descobri que realmente não se pode levar um bebê pequeno nem mesmo no colo. A família preparou-se então para uma longa viagem, pensando no melhor para Mariana. Claro que foi bem estressante... já que Mariana chorava muito, sem entender porque sua mãe não podia pegá-lo no colo.
Não quero discutir aqui a importância da segurança dos bebês. Ninguém tem dúvidas disso! É claro que Mariana tem sua cadeirinha, apropriada para a sua idade, desde o dia que nasceu. Demos de presente a cadeirinha, certifica pelo INMETRO, junto com o carrinho, no Chá de Bebês. Além da cadeirinha, é também importante manter o bebê viajando de costas o maior tempo possível, crianças até os 1 anos andando sempre no banco de trás e desativar os “air bags” nos assentos das crianças. Nada disso é questionável!
Essa resolução no CONTRAN é muito importante. E pode ser um grande impulso para garantir maior segurança para as crianças brasileiras. Mas tem muitos pontos que precisam ainda ser discutidos nessa história.
O primeiro deles é o preço absurdo das cadeirinhas. As mais baratas ficam em torno de 100 reais. Muitas chegam a 500 reais! Essa realmente não é a realidade da população de brasileira. O que o governo pretende fazer quanto a isso? No mínimo garantir preços acessíveis das cadeirinhas certificadas pelo INMETRO.
Outra ponto é que não existe no mercado brasileiro cadeirinhas para carros com cintos de 2 pontas. Então esses carros passaram a ser isentos. Assim como os taxis, transportes públicos e transportes escolares. Fica a dúvida, quando é que vão aparecer essas cadeirinhas para os carros com cintos duas pontas? Se não tem, então as crianças simplesmente ficam sem segurança? Quando os carros brasileiros começarão as ser obrigados a ter itens que facilitam e adéquam as cadeirinhas, como na Europa e EUA? Porque os taxis são isentos? Porque cada taxi não deve ter a sua cadeirinha? E como vamos garantir a segurança das crianças no transporte publico? Pior ainda, porque os transportes escolares são isentos? Eles deveriam ser os primeiros!!!!!!!!
Outras questões surgem ainda... famílias grandes que precisaram trocar de carros... pensando que os carros adequados são extremamente caros no Brasil? E quando eu for dar carona para uma amiga e seu bebê, que não tem carro. Já que não tem seu carro próprio não vai possuir sua cadeirinha. E ai? Eu não posso resolver levá-los em casa, já que não tenho filhos e não possuo minha própria cadeirinha?
Acredito que não podemos deixar essa lei acontecer como muitas no Brasil, que são esquecidas assim que a fiscalização diminui. Para a segurança das crianças é importante que pressionemos os departamentos de transito, empresas de transporte públicos e escolares, montadoras de carro e o governo para que deem respostas adequadas a esses problemas! Não podemos “dar um jeitinho” em mais uma lei brasileira.
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, encontrei dois sites interessantes:
Texto por: Luisa M M Fernandes
(Fonoaudiologa CRFa 6630 e Doula)
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