A obra literária para crianças é essencialmente a mesma obra de arte para o adulto. Difere apenas na complexidade da concepção: a obra para crianças será mais simples em seus recursos, mas não menos valiosa. (Cunha, 1995).
Assim como há obras literárias extremamente simples para o adulto (com estrutura linear, tempo cronológico, personagens planas, na obra narrativa) e que são consideradas obras-primas, a literatura infantil também fará uso desses recursos. A simplicidade de concepção também cria a simplicidade de linguagem.
Drummond nos ensina a não confundir o simples com o fácil:
“Certos espíritos dificilmente admitem que uma coisa simples pode ser bela, e menos ainda que uma coisa bela é necessariamente simples, em nada comprometendo a sua simplicidade as operações complexas que foram necessárias para realizá-la. Ignoram que a coisa bela é simples por depuração e não originalmente; que foi preciso eliminar todo o elemento de brilho e sedução formal (coisa espetacular), como todo resíduo sentimental (coisa comovedora), para que somente o essencial permanecesse. E diante da presença do essencial, não percebendo, até mesmo fugindo a ele, o preconceituoso procura o acessório, que não se interessa e foi removido. Mais pura é a obra, e mais complexa a indagação ‘Mas é somente isso? Não há mais nada?’ Havia, mas o gato comeu (e ninguém viu o gato).”
A Narrativa para as Crianças
A narrativa para crianças não dispensa o dramatismo, a movimentação. Irrequieta por natureza, incapaz de uma atenção demorada, a criança irá interessar-se naturalmente pelos livros onde a todo momento apareçam fatos novos e interessantes, cheios de peripécias e situações imprevistas, movimentando-se assim o espírito infantil. (Cunha, 1995).
O autor terá mais sucesso com as crianças se evitar descrições longas, que em geral interrompem o caso. Como lembra Monteiro Lobato: “As narrativas precisam correr a galope, sem nenhum efeito literário.”
Com relação às falas e pensamentos dos personagens o melhor recurso é o discurso direto, como afirma Cunha (1995). É importante a narrativa linear, com tempo cronológico sem cortes ou voltas ao passado. Para crianças mais novas é essencial o desfecho feliz.
Texto por: Luísa M M Fernandes
(Fonoaudióloga – CRFa 6630 e Doula)
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