A nossa história
como mães e a história de parto começa no nosso nascimento e com as nossas mães.
E também acredito que muito se relacionam com as nossas avós.
Nessa semana
aconteceu a missa de sétimo dia da minha avó e pensar nela e como ela
influenciou a minha visão de como “ser mãe” mexe muito comigo. Acredito que com
muitas mulheres também...
Por isso resolvi
postar aqui o texto que escrevi em sua homenagem..
Eu queria fazer
uma homenagem a minha avó… e pensei em escrever um texto para o santinho dela...
O texto começava
assim... Yone – mulher, filha, irmã, esposa, mãe e avó – todas essas mulheres
poderosas em uma só. Ela foi uma mulher muito admirada e amada. Nunca conheci
uma só pessoa que não se encantasse com sua prestatividade, simpatia, elegância
e educação. Atlética e sempre aparentando mais nova, também se orgulhava da sua
cultura geral, adorava viajar e tinha o costume de fazer promessas estranhas
(como não viajar mais para a Europa ou passar a torcer pelo cruzeiro). Era
uma super mãe, mulher decidida e esposa exemplar. Fazia trabalho voluntário,
gostava de jardinagem, mantendo o sítio gramado e impecável. Como avó era
dessas de livro, com o dom da culinária da costura, sempre mimando os netos, os
oficiais e os que foram sendo agregados (primos e amigos dos netos)...
Eu podia
continuar por ai rasgando em mil elogios... mas isso não era exatamente o que
eu queria falar. Ela era muito mais do que todas essas palavras, e ela vai
continuar sempre sendo muito mais, pra mim...
E de repente me
lembrei de um texto que escrevi em um caderno pessoal, de desabafo, quando
ficamos sabendo da gravidade de sua doença... entendi que era isso que
precisava compartilhar com vocês...
Para mim minha
avó são os sons, cheiros e sensações...
Fecho os olhos
por uns momentos para me lembrar dela, para saber dessa parte dela que nunca
vai embora...
Primeiro escuto o
sons de panelas batendo... umas nas outras, saindo do armário... logo em
seguida vem o cheiro do café fresquinho... depois a sensação de gelado
percorrendo todo o corpo. São meus pezinhos descalços no chão gelado da casinha
do sítio. Devo ter uns sete anos... Vou correndo até a cozinha porque não quero
perder o momento de fritar a massa do biscoito. Posso fazer as letras! O C e L
nunca dão certo, mas o A e o P ficam perfeitos, são os meus favoritos.
Um coro de
gargalhadas, crianças correndo e o som da calça jeans roçando no mato e o
cheiro de terra e árvores do pomar nos envolve. Vó, Vó.... gritamos!!! André,
Júlia, Rafaela e eu estamos do lado de fora da porta da cozinha, agora na casa
nova do sítio. Vovó sai rapidamente pela porta, com cara de quem já sabe o que
vai acontecer. Os quatro mostram as mãos e afirmam, olha só! Nos cortamos!!! As
mãos sujas de amora não enganam a avó já escolada com as travessuras...
Parabéns pra
você! Nesta data querida! Um coro de vozes desafinadas e palmas
desencontradas... crianças e adultos, em volta da mesa, enchendo os olhos com o
sabor do bolo de formigueiro, metade chocolate, com recheio de doce de coco no
meio, calda de chocolate e granulado. Além dos brigadeiros, doces de cocos e
cajuzinhos, todos enrolados sob especificações rígidas quanto ao seu tamanho
(sem esconder a tarde de doces roubados por terem saído do “padrão”) que estão dispostos
na mesa, escrevendo palavras...
O coro se
transforma em risadas, risadas de crianças, agora brincando na sala de
televisão do apartamento no Santo Antônio... escorregando de meia no corredor...
Ah! Meu deus!... a exclamação da avó que não chega a bronca não é pela
brincadeira da meia que terminou com testas e queixos na televisão, mas sim
pelo banho de banheira que alagou todo o banheiro.
Os relógios
batem meia noite... todos correm para a sala para ouvir o discurso de natal do
Wanildo. E Yone esta ao seu lado. A dona da casa, que recepciona mais uma festa
de sucesso. O cheiro da ceia pronta para ser servida invade a sala, junto com a a alegria da árvore de natal repleta de
presentes. Depois do discurso, arrasta os móveis pra cá e pra lá, levanta o
lustre e aumenta o som que vamos dançar. A festa de natal que consegue juntar
não apenas os Bragas e Fernandes, mas também os Matta Machados, Portelas e
Pellegrinellis, além de outros agregados muito queridos.
Minha avó Yone, eu e meu avô Wanildo
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