Fazendo um
acompanhamento dos acessos ao Blog percebi que uma expressão chave frequente de
buscas que chegam até aqui é “como falar sobre vacinas com as crianças”. As
pessoas acabam caindo em outros posts que falamos sobre vacinação.
Fiquei pensando
então sobre esse tema... como fazer para falar das vacinas com as crianças? E
qual o problema? Quais as dificuldades?
Essas perguntas
me lembraram algumas cenas que observei na ultima campanha de vacinação
infantil da Prefeitura de Belo Horizonte. Observava as crianças chegando,
acompanhadas pelos pais ou babás. Pareciam tranquilas e na maioria das vezes se
distraiam com seus irmãos ou brinquedos. Assim que os pais se sentavam na
cadeira preparada para a vacinação e colocavam os filhos no colo o problema
começava. Era choro, grito, esperneio, até desespero. O adultos responsáveis pelas
crianças não sabiam o que fazer, os profissionais de saúde ficavam sem ação
diante da cena que parecia de desenho animado (apesar de se repetir a cada duas
ou três crianças que chegavam). E as crianças pareciam sinceramente
desesperadas em sair dali.
Na minha
percepção a origem desse problema esta na conversa!
Podemos e
devemos conversar com as crianças. Explicar o que esta acontecendo e o que vai
acontecer. Isso passa segurança para ela e a ajuda a enfrentar situações novas,
inesperadas ou desagradáveis. Dizer a criança o que esperamos dela, como deve
se comportar e qual o nosso objetivo ali é a melhor estratégia.
A ideia é usar
palavras simples, frases curtas e diretas. Falar na língua das crianças,
variando com sua idade, e usando exemplos que sejam próximos do seu dia a dia
(uma boa dica é usar comparações com situações de personagens de livros,
desenhos e filmes que ela goste). Vale explicar antes de sair de casa,
conversar sobre o assunto no carro e, ao chegar no local, como o posto de
vacina, relembrar a conversa e apresentar o local a criança!
Observar a idade
da criança é muito importante. Para os bebês até um ano a conversa é muito boa,
mas o mais importante é o tom de voz e a calma que transmitimos com o nosso
comportamento. Estar presente faz toda a diferença. De um ano e meio até os
três anos as crianças ainda são imediatistas. Entendem o que acontece no
presente. Então se fez algo errado precisa ser disciplinada no mesmo momento,
para poder relacionar a disciplina ao seu ato. E precisa que lhe apresentem a
situação e o que vai acontecer logo antes de acontecer, para que realmente
estejam tranquilas. Já as crianças mais velhas conseguem relacionar o que
contamos em casa ou no dia anterior com o que vai acontecer no futuro, basta
recuperar com elas o que foi conversado. Depois dos sete anos, a compreensão de
distancia e percepção do tempo aumenta, e as explicações ficam mais fáceis na
perspectiva dos adultos.
Em qualquer
idade e para falar de qualquer assunto, não podemos nos esquecer de conversarmos
olhando no olho da criança, abaixar para falar com elas e também de escutar
atentamente suas respostas! E vale reforçar que as falas dos adultos devem ser
coerentes com as ações. As crianças aprendem pelo exemplo, com a imitação!
Outro ponto
importante é nos policiarmos no que falamos!
Sabe quando
falamos sobre a vacina “Olha não vai doer nada!” e ai dói! A criança perde a
confiança no que o adulto fala, porque o que afirmou não era verdade! O melhor
é dizer “dói mas só um pouco, uma picadinha e logo passa”. “É amargo, mas faz
bem, depois a gente bebe água”, ao invés de dizer que a vacina de gotinha é
gostosa!
Existem outras
frases comuns que devemos também evitar para não confundir as crianças e buscar
sempre passar segurança nas falas. Quando cai e rala o joelho dizemos: “deixa
eu dar um beijinho que a dor passa” Não passa nada! Está doendo mesmo! O melhor
é dizer “deixa eu dar um beijinho e te abraçar, vamos ficar calmo, passar o
remédio e a dor vai diminuir aos poucos”.
Outra situação
comum é a da troca de fraldas. Dizemos: “eca! O bebê fez cocô!” “Que nojo!” “Que
cheiro ruim”... e ainda juntamos as expressões com uma careta! Depois muitas
crianças tem dificuldade de aprender a ir ao banheiro ou tem problema de prisão
de ventre porque tem nojo do próprio cocô! Que tal dizer só “vamos trocar a
fralda” ou “hora de limpar o bumbum para ficar cheiroso!” e outras mais
positivas?
Bom, poderia
continuar aqui com diversas situações análogas a essa da vacina! Elas são
muitas porque as crianças são imprevisíveis e o dia a dia é cheio de desafios!
Mas se os pais conseguirem criar o hábito de conversar e passar segurança para
os filhos sobre o que vai acontecer, desde bebês, com certeza muitas das
situações serão enfrentadas com mais tranquilidade e menos sofrimento, tanto
por parte das crianças quanto dos pais.
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