sexta-feira, 22 de abril de 2011

Maternidade sem culpa

QUANDO OU COMO?
Maternidade não é um momento na vida da mulher. A maternidade precisa ser encarada de forma abrangente para ser efetiva, ou seja, é necessário vivê-la muito antes do nascimento dos filhos. Somos mães porque somos mulheres, a natureza de nossas relações é maternal! Desde a forma como nos comunicamos com o mundo até o modo cuidadoso como escolhemos uma roupa ou mesmo nossa profissão. Do modo como cuidamos de nossos irmãos ou amigos até como sorrimos para um novo dia!

Então por que nos preocupamos tanto com o quando? Por que essa questão nos atormenta?

 

Simples. Porque na cultura ocidental contemporânea aprendemos a nos ver de modo segmentado. Tudo é tão abstrato que vivemos como se pudéssemos nos compartimentar, como se pudéssemos congelar determinadas características para apenas despertá-las quando for mais conveniente aos nossos interesses ou quando não pudermos mais adiar o confronto com elas.

A pergunta fundamental é como vamos viver a nossa maternidade. Desde muito pequenas nós fazemos isso, só precisamos tornar nossos gestos conscientes sem fazer disso uma pedra de tropeço. Precisamos nos aceitar e viver a cada dia como realmente somos: mulheres!

Viver a maternidade não é ter um filho. Porém podemos afirmar sem rodeios de que a mãe que seremos para nossos filhos depende da mulher que somos em todos os âmbitos muito antes de que pensemos em ter um filho.
Ostenta que és Mãe
Nos dias atuais temos dificuldade para definir o que somos, pois confundimos o nosso ser com aquilo que fazemos. Costumamos perguntar às crianças: “o que você vai ser quando crescer?” Quando na verdade queremos saber o que ela pretende fazer, que atividade ela pretende desempenhar na sociedade. Isto é revelador no que tange ao comportamento social relacionado ao status. É costume na sociedade atual valorizar a pessoa pelo que ela faz, porque existe uma relação entre fazer e produzir. Produzir não apenas compreendido no sentido econômico estrito, mas também como forma de retribuição social, como contributo para a “construção de um mundo melhor”.

Ao compararmos este modo de pensar com aquele que mede o valor da pessoa proporcionalmente ao que ela possui, pode nos parecer um avanço, mas não é. Tanto num caso como noutro a dignidade da pessoa humana e, por vezes, até mesmo a própria condição humana está dada por algo externo, alheio a sua essência. Aqui encontramos uma questão interessante relacionada à identidade. Ao nos definirmos pelo que fazemos limitamos a realização da nossa existência ao trabalho, ao ativismo, ou a qualquer outra ocupação que nos pareça nobre.

É por isso que nos parece tão difícil o dilema: maternidade versus carreira. Aparentemente estamos tratando de coisas que estão no mesmo patamar, porém o exercício de uma profissão, ainda que traga algum sentimento de realização pessoal, não é capaz de satisfazer nossa humanidade. Para tanto necessitamos levar à plenitude a nossa essência, permitir que nossa natureza feminina transcenda a própria existência e supere todo o egoísmo. Isto é o que a maternidade nos proporciona! E é isto que a sociedade necessita de nós: que não tenhamos medo, nem vergonha de ser o que somos! Mulheres, mães! Portanto, ostenta que és mãe e seja feliz!
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre!"

(Clarice Lispector)
Fonte: Texto extraído da internet

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