domingo, 24 de abril de 2011

Aprendendo Brincando - Bricando para Aprender

O Brincar é a condição de todo o processo evolutivo neuropsicológico saudável, que se alicerça nesse começo, manifesta a forma como a criança organiza sua realidade e lida com suas possibilidades, limitações e conflitos. Introduz a criança de forma gradativa, prazerosa e eficiente ao universo sócio-histórico-cultural.

O brincar do bebê tem uma importância fundamental na construção de sua inteligência e de seu equilíbrio emocional, contribuindo para a sua afirmação pessoal e integração social. Quando o bebê brinca com seu corpo está trabalhando o reconhecimento, quando brinca de abrir e fecha inúmeras vezes o mesmo pote está trabalhando o ritmo. Quando brincamos com eles de PUDI (esconder o rosto, mesmo que a trás das mãos e depois reaparecer – Cadê a mamãe? - Acho!!!) estamos ajudando-o a trabalhar a perda e a ausência da mãe, com a crença de que ela retornará. O caráter cíclico da atividade lúdica, com temas opostos, expressa simbolicamente que está aprendendo a esperar e a suportar a tensão e a frustração da separação. Quando o bebê confia a brincadeira ganha em movimento, exploração, interação e inovação, a confiança, esperança e ansiedade se manifestam no sorriso.

Durante o segundo ano de via a inovação maior são as atividades simbólicas, verbais, imaginárias ou imitativas. A brincadeira simbólica representa a realidade que a criança vê e sente. Quando brinca de casinha a menina expressa o desejo de ser mãe e imita o que acontece a sua volta, também vive intensamente a situação de poder gerar filhos e de ser uma boa mãe. Dramatizar o vivido ajuda a criança a firmar-se como pessoa e a externalizar sentimentos e pensamento.

A agressividade faz parte do nosso psiquismo, sendo mesmo indispensável à nossa sobrevivência. É difícil para os pais entenderem e aceitarem que seus filhos possam ter pensamentos negativos, mas é preciso, para que possam externalizá-los e trabalhá-los. Quando os meninos brincam de lutinha, fingem ser super heróis ou vilões, tornam os sentimentos visíveis e possíveis de serem controlados. Tão importante quanto dar condições à criança de brincar é dar limites claros e objetivos, que a ajudem a trabalhar sua impulsividade, onipotência e sua voracidade, assim como a aprender a lidar com sua própria destrutividade.

No faz-de-conta coletivo ainda não há a colaboração e/ou competição que surgirão mais tarde no jogo de regras, mas já está presente a necessidade de respeitar o outro, para poder ser aceita no grupo. Existe um grande prazer de aprender a brincar com os outros em uma situação imaginaria. Ao aprender a lidar com possíveis frustrações de não ver seus desejos sempre realizados, de ter de esperar sua vez para jogar, a criança passa a ser mais flexível e maleável, aprende a lidar com os imprevistos do percurso. Aprende também a utilizar sua memória, de situações semelhantes, a fim de se sair melhor na situação atual. Funções cognitivas são, dessa forma, constantemente ativadas e agilizadas. O grupo propõe, estimula, desafia, negocia, decide. Acolhe e rejeita, num contínuo movimento de progressivos ajustamentos recíprocos.

Nos rituais contidos nas brincadeiras infantis a criança é introduzida de forma viva e significativa ao mundo das regras sociais e morais, que contém a seriedade e o compromisso do respeito a um contrato estabelecido.

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