sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Plano de Parto – local e acompanhantes


Quando começar a fazer o seu Plano de Parto a mulher precisa se perguntar onde quer ter seu parto.

- Será um parto domiciliar ou hospitalar?
O parto domiciliar é necessariamente um parto pago particular, os convênios de saúde ou o SUS não cobrem a equipe, normalmente composta por enfermeiras obstetras, doulas e algumas vezes médicos obstetras. O Parto Domiciliar é seguro e tem a grande vantagem de ser mais íntimo, em um lugar conhecido e aconchegante. Confira aqui no Blog alguns posts que já falamos sobre o Parto Domiciliar. Ao optar pelo parto em casa é importante pensar qual a estrutura você tem na sua casa e o que precisa organizar. Em qual cômodo se sente mais confortável, onde vai preparar o local do parto, acesso ao banheiro, chuveiro e banheira (se tiver).

O parto hospitalar pode ser no SUS, pago particular ou por convênio de saúde. Hoje o hospital é o lugar mais comum onde acontecem os partos no Brasil. É muito importante conhecer os hospitais antes de fazer a sua opção. Saber da sua história, tradições e o que oferece a gestante (sala de pré parto, parto e pós parto; banheira; bola; alimentação, por onde pode caminhar) e seus protocolos. Se você for de Belo Horizonte, confira o post para saber mais sobreas maternidades da cidade.

Se você tiver um plano de saúde, atenção, muitas vezes ele cobre apenas o pré natal e a internação na maternidade (e muitas vezes com restrições). Muitos planos não cobrem o parto, que pode ser pago a parte o feito pelo plantonista do hospital. Em muitas cidades, como em Belo Horizonte, as melhores maternidades de assistência ao parto e cuidados com a gestante e puérperas são as públicas. Procure se informar na sua cidade e lembre-se que todos tem o direito de ser atendidos pelo SUS.

- Quem você quer que te acompanhando durante o parto?
Depois de decidido o local do parto você pode começar a pensar em quem serão seus acompanhantes durante o parto. É claro que isso vai depender do local do parto. E você pode mudar também de ideia ao longo da gestação, mas é importante pensar sobre isso para poder abordar com delicadeza as pessoas que você quer ter ao seu lado no parto e as que você não quer que estejam lá.

Muitas vezes que você quer ao seu lado precisa se preparar para esse importante momento, além de estar em sintonia com seu Plano de Parto. Outras vezes tem alguém da família que quer muito estar lá na hora do parto, mas você sente que esse pessoa vai te deixar ansiosa nesse momento, então é melhor que não esteja. E ai falar sobre isso é sempre delicado e importante.

Vale destacar dois pontos, a doula não é considerada como acompanhante e sim como profissional que acompanha a mulher. Acompanhante são familiares e amigos.

E o mais importante é que todas as gestantes tem direito garantido por lei de serem acompanhadas durante o pré parto, parto e pós parto por um acompanhante de sua escolha. Independente da instituição em que esteja. E esse acompanhante não pode ter custos extras para a gestante. Confira mais sobre os direitos das gestantes na serie aqui do blog.



Bom! Muito assunto para pensar! Vamos ficar por aqui essa semana!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Ações de Saúde baseadas em Evidências Científicas – Cuidados no Parto


Vamos a mais um da nossa série de Artigo!


Artigo: TECNOLOGIAS NÃO INVASIVAS DE CUIDADO NO PARTO REALIZADAS POR ENFERMEIRAS: A PERCEPÇÃO DE MULHERES



Autores: Natália Magalhães do Nascimento, Thalita Rocha de Oliveira, Jane Márcia Progianti, Rachelli Iozzi Novoa, Octávio Muniz da Costa Vargens (Universidade Estadual do Rio de Janeiro)

Revista: Esc Anna Nery (impr.)2010 jul-set; 14 (3):456-461

Resumo: pesquisa de natureza qualitativa, tipo descritiva, teve como objetivo identificar as atitudes e práticas de enfermeiras obstétricas e discutir seus efeitos durante o trabalho de parto na percepção de mulheres, atendidas em uma casa de parto. Fizeram parte do estudo 12 mulheres, tendo como instrumento de coleta de dados uma entrevista semiestruturada. A análise dos dados evidenciou que as mulheres reconheceram a atitude carinhosa e práticas como a livre movimentação corporal e o estímulo à presença de um acompanhante como as principais tecnologias não invasivas utilizadas durante o trabalho de parto. Quanto aos seus efeitos, as mulheres perceberam que as tecnologias favoreceram seus potenciais internos para tomada de decisões e identificaram as atitudes e práticas das enfermeiras como decisivas para que não desanimassem durante o parto. A postura e o uso pelas enfermeiras de tecnologias não invasivas contribuem para uma melhor percepção das mulheres sobre o seu processo de parto.


Comentários: Para melhor ilustrar o artigo, reproduzimos aqui as falas das puérperas sobre seus partos. As mulheres falando é o resultado real e concreto da qualidade do trabalho das enfermeiras obstétricas e importância das práticas de estimular a deambulação, o cuidado, carinho e acolhimento e a presença do acompanhante durante todo o tempo.

Aqui elas me trataram muito bem! (Ent.05).

O modo deles te tratarem [...] todos com muito carinho! (Ent.08).

Você se sente mais segura... porque quando tive a minha primeira filha, eu nunca tinha ficado num hospital, e quando eu me vi ali sozinha, sem ninguém, entrei em desespero. Mas aqui, não. Aqui me senti mais tranqüila com eles perto de mim [...]. Sei lá. Achei que foi muito legal. (Ent. 06).

Você se sente mais segura... porque quando tive a minha primeira filha, eu nunca tinha ficado num hospital, e quando eu me vi ali sozinha, sem ninguém, entrei em desespero. Mas aqui, não. Aqui me senti mais tranqüila com eles perto de mim [...]. Sei lá. Achei que foi muito legal. (Ent. 06).

Eu só fiz porque eu quis. Eu acho que isso é uma coisa que parte da gente [...] (Ent.11).

[...] o que ajudou também, muito, foi quando o pai dele chegou. Também me tranquilizou bastante. [...] Ele me deu mais força, mais segurança, não que minha irmã, minha sobrinha não desse, mas quando ele chegou, sabe... Ele nasceu rapidinho (Ent. 01).

Acho que pra gente é melhor ter o apoio da família (Ent.10).

O incentivo é fundamental. Eles me incentivaram e me motivaram a fazer isso (referindo-se aos exercícios físicos). Em momento nenhum me deixaram desanimar. Quando eu já achava que não estava mais aguentando, eles me animavam. São todos muito atenciosos. O carinho é fora de série. [...] (Ent.11).

Eu achei positivo (a deambulação) até porque me deu mais coragem, né? (Ent. 02).

[...] você ter a liberdade de fazer o que quiser. De andar, de ficar em pé, sentada, ir ao banheiro, eu me sentia mais incomodada na hora que as contrações vinham. Então, eu sentava no banheiro, no vaso. Essa liberdade de ir e vir, muito boa, é muito boa mesmo (Ent. 06).

[...] a gente aprendeu a se tocar, saber o que está acontecendo com o teu corpo [...] (Ent. 04).


Quem ler e gostar, ou não gostar, comenta mais sobre o artigo aqui! Assim podemos ir trocando informações! Quem tiver sugestões também de artigos para serem colocados no blog é só mandar!

domingo, 11 de dezembro de 2011

1 ANO DO BLOG ACALANTO


Hoje, dia 11 de dezembro o Blog Acalanto complete um ano!

A ideia desse blog surgiu a partir do curso de orientação à gestantes que ministramos já desde 2009. Queríamos falar de muitos outros assuntos que envolvem a gestação, o parto e a amamentação! Não dava tempo de falar tudo no curso e no momento não era possível ainda construir outros cursos!

Acontece que não queríamos apenas falar desses assuntos e sim trocar ideias! E por isso o Blog.

Hoje gostaríamos agradecer a todos que participam do Blog, construindo juntos! Crescemos aos poucos e já temos mais de 50 acessos diários!

No ano foram 12.000 (doze mil acreditam!!!) acessos!

E passaram por aqui gente de todo mundo! Confiram os 10 países que mais acessam: Brasil (é claro, com o maior número de acessos!), Estados Unidos, Portugal, Alemanha, Rússia, França, Irlanda, Japão, Holanda, Reino Unido.

Junto com o blog vieram também nossa página no FACE BOOK que apesar de mais novinha, também está fazendo sucesso, já com 23 pessoas curtindo!

E sem contar com o twitter - @acalantobh, que tem 244 seguidores!

Esperamos continuar construindo o Blog juntos por muitos anos ainda, crescendo cada dia um pouquinho junto com os cursos e projetos da Equipe Acalanto!



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Construindo um Plano de Parto


O que é um Plano de Parto?


A gestante deve colocar no Plano de Parto todos os seus desejos para o momento do parto e o pós parto imediato, incluindo os primeiros cuidados com o bebê. Esse documento deve ser discutido com quem a está acompanhando, marido, pai, amiga, doula, mãe, obstetra, enfermeira obstetra... e apresentado para os demais profissionais no local do parto. Assim, os desejos da gestante podem ser respeitado, sem estresse e tensões.

É recomendado pela OMS, mas infelizmente ainda não é conhecido ou aceito por muitos hospitais e profissionais de saúde. E o jeito de mudar essa realidade é cada mulher construindo o seu Plano de Parto.

Como já falamos aqui o Parto é um momento de protagonismo da mulher. É ela quem coordena esse momento, escutando e sentindo o seu corpo. Por isso é importante que ela tome as suas decisões para colocar no Plano de Parto. E como também sempre falamos aqui no Blog essas decisões da mulher devem ser tomadas em cima das informações.

Então vamos fazer uma série aqui, discutindo passo a passo do Plano de Parto, levantando informações, ideias, questionamentos... e ai cada mulher pode construir o seu!

Quem quiser também ir aqui comentando os posts, colocando suas dúvidas sobre os tópicos e dividindo o que colocou no seu plano de parto, vai ajudar muito!

Bom... vamos lá!
A primeira característica do Plano de Parto é que ele é construído pela gestante, como já falamos!

A segunda, é que é discutido com quem vai acompanhar o parto, para que todos estejam cientes dos desejos da gestante e possam trabalhar juntos para que tudo aconteça tranquilamente. Pode ser legal também todos assinarem o Plano de Parto, colocando ali suas intenções de apoiar a gestante no seu trabalho de parto.

Por isso é que não é legal deixar para construir o plano no último momento! Vale ir pensando nele com calma ao longo da gestação, buscando informações e tirando dúvidas.

A terceira característica é que ele é um plano de desejos e ideias, em que todos se comprometem a seguir enquanto gestante e bebê estiverem seguros e bem de saúde. O objetivo é que enquanto mãe e filho estão bem, qualquer intervenção que for feita, seja discutida e explicada à gestante, sendo realizada com a sua compreensão e concordância. No caso de intercorrências que precisem de intervenções para salvar a saúde da mãe ou filho essas serão tomadas, sem nenhum atraso pela equipe que está acompanhando o parto.

Outro ponto importante é que a Doula pode ser uma pessoa chave para auxiliar a gestante a construir seu Plano de Parto e fará de tudo para cumpri-lo. Mas caso haja desacordo com a equipe médica quem deve advogar pela gestante é ela mesma ou seu acompanhante (marido, por exemplo). Isso porque a protagonista do parto é a Mulher Gestante.

A quarta e última característica que vamos falar hoje é que o Plano de Parto deve ser apresentado ao maior número de pessoas possível que vão acompanhar o parto. Antes e durante o trabalho de parto.

Antes, vale agendar reunião com o anestesista do hospital, conversar com as enfermeiras do bloco e do setor de obstetrícia. Não se esqueça também de procurar o setor de pediatria, conversando com os médicos e enfermeiras ali também. Tá, pode não dar para conversar com todos, ou pode ser que você consiga conversar só com um e que talvez nem esteja de plantão no dia do seu parto. Mas tudo bem. Vale a pena investir esse tempo! Vale pela qualidade do atendimento que você vai receber depois! Vale por já se familiarizar com o hospital e a equipe. E um ideia seria deixar também algumas cópias ali para que outros possam ler! Ajudam também a divulgar entre os profissionais de saúde o que é um Plano de Parto.

E ai, quando chegar ao hospital, em trabalho de parto, é importante ter várias cópias do seu Plano para distribuir a toda a equipe que vai te acompanhar. Como eles vão precisar ler naquele momento e muita coisa acontece no hospital ao mesmo tempo, o Plano de Parto tem que ter informações diretas e objetivas, de fácil leitura, compreensão e visualização. Não adianta escrever um grande texto corrido, que nenhum dos profissionais vai ter tempo de lê-lo!

É claro que isso tudo se você optar pelo parto hospitalar, seja público ou particular. Se você optar pelo parto domiciliar, já vai conhecer com antecedência toda a equipe que te acompanhará e poderá discutir com a equipe seu Plano de Parto.

Bom! Vamos ficar por aqui nesse post e aguardem os próximos que vamos discutir passo a passo cada item do Plano de Parto.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ações de Saúde baseadas em Evidências Científicas – Deambulação e posições verticais durante o trabalho de parto

Vamos a mais um da nossa série de Artigo!




Artigo: Influência da mobilidade materna na duração da fase ativa do trabalho de parto


Autores: Eliane Bio, Roberto Bitar, Marcelo Zugaib (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo)



Revista: Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia


Resumo: Foi realizado um ensaio clinico no Centro Obstétrico da USP. Um grupo foi acompanhado por uma fisioterapeuta e orientado a permanecer caminhando durante a fase ativa do parto. O outro foi acompanhado de forma rotineira pela atenção obstétrica. O estudo mostra o impacto na redução do tempo da fase ativa e na diminuição do uso de anestesia e medicamentos para dor no grupo acompanhado pela fisioterapeuta.




Comentários: Mais um artigo de leitura indispensável! Ele fala da atuação de uma fisioterapeuta durante o trabalho de parto, descrevendo com termos técnicos e anatômicos as orientações fornecidas as mulheres. Mas as mesmas orientações podem ser fornecidas pela Doula, e os mesmos termos técnicos poderiam ser substituídos pela simples descrição da mulher seguir os movimentos que seu corpo pede durante o trabalho de parto, ou seja, caminhar, agachar, ficar em posições verticais eu permitam maior abertura da pelve, menor intensidade da dor, aumento da passagem para o bebe e melhor contração do períneo. O artigo consegue provar cientificamente que essas pequenas ações diminuíram em até 2 horas a fase ativa do trabalhão de parto e eliminram em muitos casos a necessidade do uso da anestesia. Discute a impropriedade de orientar a mulher a ficar deitada durante o trabalho de parto e na fase expulsiva e ainda fala sobre a distócia emocional, que pode levar a contrações ineficientes do útero, com a mulher entendo a contração apenas como dor e não como um sinal sinestésico do parto, que desce na região lombar até a vaginal.


Quem ler e gostar, ou não gostar, comenta mais sobre o artigo aqui! Assim podemos ir trocando informações! Quem tiver sugestões também de artigos para serem colocados no blog é só mandar!


Já postamos aqui resumos e comentários de artigos que falam sobre:






sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A sexualidade presente no parto

Já repararam que muitas vezes, quando a mulher engravida, muitos a sua volta passam a tratá-la com uma delicadeza exagerada em um respeito que não demonstravam antes? E quantos casos já não ouvimos de homens que não tem mais desejo sexual por suas companheiras grávidas?

São sintomas da nossa sociedade que herdou aos principio da igreja católica. Mesmo não sendo todos católicos são valores incutidos na sociedade. A ideia de que a mulher ao engravidar passa a ser igualada à Virgem Maria grávida de Jesus. Ela é colocada em um pedestal e tratada a partir daí como imaculada. Seus “pecados” são esquecidos. E ela passa a ser um ser assexuado, sem desejos carnais, assim como foi Maria.

E ai a sociedade começa a “produzir” algumas situações um tanto absurdas. Imaginem uma prostituta grávida ou que se prostitui para dar o que comer para seus filhos? A sociedade não consegue acolher essa realidade. Vem daí também a indignação de muitos co o aborto. Como assim a mulher pode não desejar aquele filho? Como ela pode pensar em realizar um aborto mesmo que para ter esse filho tenha que se submeter a condições de extrema pobreza e outros muitos riscos? E ainda, como uma mulher pode ter desejos sexuais durante a gravidez???
Todos pontos polêmicos, mas nesse texto quero me ater ao ultimo! Ao desejo sexual da mulher durante a gravidez que é reprimido por um valor machista da nossa sociedade com resquícios da grande influencia católica.
Quando é que as mulheres vão começar a afirmar que durante a gravidez elas não se tornam seres assexuados??? Temos desejo sim e muito!
Já se sabe que o sexo durante a gravidez não prejudica o bebê e faz bem para as mulheres. Quer dizer, só pode fazer bem para o bebê também, que durante a gestação sua saúde depende da saúde física e mental de sua mãe. Sabemos também que o esperma masculino pode ajudar a desencadear o trabalho de parto quando o corpo feminino esta pronto para tal. Olhem só! O homem com um papel importante no parto e evitando o uso desnecessário de indutores artificiais para o parto.
E tem mais! O parto é um evento sexual. É a continuidade do ato sexual para a mulher.
OrgasmicBirth” é um dos filmes de parto mais bonitos que já assisti!
Conheçam mais sobre o filme no link e assistam ao trailer aqui!


Mostra mulheres que não estão apavoradas com a dor do parto e sim conectadas com seu corpo e, por isso mesmo, conseguem sentir o prazer da chegada de seu filho e chegam a ter orgasmos durante o trabalho de parto.
Os homens parece ter medo de admitir que o parto é um evento sexual. Tem medo de que jamais possam dar tamanho prazer a mulher e assim sentem a sua masculinidade ferida. E as mulheres, como em muitas outras situações relacionadas ao sexo, tem um enorme pudor de admitir que sentem prazer e tem orgasmos.
Sabe, eu quero, durante o meu trabalho de parto, estar tão conectada a meu corpo, que possa sentir prazer e chegar a ter um orgasmo.
E você mulher? O que quer?
A pergunta que não quer calar no filme Orgasmic Birth e levantada ao final do trailer que vocês viram aqui... “Se te falassem que você pode ter uma das experiências corporais, emocional, espiritual mais fortes e intensas que já imaginou, e aqui está o mapa para chegar lá, você diria que não?”

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dia Mundial de Combate à AIDS - ACALANTO APOIA

Hoje, é um dia ara refletirmos...
Nos últimos 10 anos as taxas de incidência, isso quer dizer, casos novos, da AIDS no Brasil estão estáveis e o númeor de mortes vem diminuindo. Esses dados são bons e são ruins.

São bons porque na perspectiva da saúde pública estamos conseguindo controlar a epidemia. São bons porque quem tem AIDS hoje tem uma boa expectativa de vida se segue o tratamento adequado. São bons porque o SUS pode propiciar a todos os brasileiros com AIDS o melhor tratamento que existe. 

Mas são também ruins porque quer dizer que ainda tem gente pegando AIDS, ainda tem pessoas que não se previnem, usando a camisinha. E, aqui no Brasil, os casos novos de AIDS estão aumentando entre os homosexuais (antigamente AIDS era considera doençã de "gay", depois perdeu esse estigma e os homossexuais passaram a se previnir, hoje parece que essa consciencia e preocupação em prevenção diminuiu, especialmetne entre os jovens, o que é desperadamente preocupante!) e também entre as mulher casadas ou com parceiros fixos (isso mesmo, ser casada ou com parceiro fixo não significa que não precisa mais usar camisinha! As mulheres precisam ficar expertas e exigir seu direito de proteção, usando a camisinha SEMPRE!). 

A prevenção é a chave. USAR A CAMISINHA SEMPRE! 

E para aqueles que já tem o vírus, a chave é o tratamento. E todos precisam saber que podem ter uma vida normal. As mulheres inclusive podem engravidar e ter um parto normal. Já famos sobre o assunto aqui no blog no texto HIV/AIDS, gravidez e amamentação. E o Ministério da Saúde tem também um site bacana que dá orientações sobre o assunto, de cuidados durante a gravidez, cuidados com o recém nascido e o direito de todas as mulheres grávidas de serem testadas para a soropositividade no inicio da gravidez. Direito das mulheres e dever das mães no cuidado com seus filhos.

Hoje, para refletirmos mais sobre o assunto, coloco aqui o relato de uma gestante HIV positivo. O relao foi retirado de um artigo muito bacana que também vale a pena ler na íntegra. É só clicar aqui para ler!

E confiram o relato delicado e emocionante...

"Eu já sou, né? Fazer o que, né? Fazer mais nada, eu fico com medo do nenê nascer também positivo. É muito difícil. Em relação à gravidez ela não é dolorosa. Porque pra mim, na primeira gravidez foi muito dolorosa até eu descobrir que eu poderia tomar o AZT, e que diminuiria a chance do bebê nascer positivo, sem o vírus. Mas ele vai nascer, entendeu, ele vai nascer. Só que as chances são poucas, entendeu? Dela se curar nos primeiros meses de vida, que são aquelas dos nove meses pelo que eu sei pra negativar. Eu pergunto, ninguém sabe me responder, ninguém sabe. Eu converso com as pessoas que têm e tiveram filhos. Uma fala que antes de 1 ano negativou, outros falam, 2 meses de vida meu nenê negativou. Uma fala, meu filho não nasceu com HIV, entendeu? Eles dizem que o bebê tem chance de não ter o vírus, que ele terá que fazer exames de 5 a 6 meses e depois negativar. 

Mas eu fico com complexo de culpa dela nascer, ela vai começar a passar por uma fase muito difícil, que é todo mês ir no médico, tirar sangue, tomar remedinho. Eu acho que dói quando a gente vê, depois que a criança nasce, é você ver ela ser furada, furada, furada, porque tem que fazer os exames, né? E o que dói mesmo é isso! Mas eu acho que nesse eu vou encarar mais de frente! Agora, espero que tudo vai dar certo, né? Eu não deixo pegar assim na cabeça, “mas eu tenho HIV, meu nenê, meu bebê...” eu não tenho aquele sentimento de que “ai vai passar, ai ele vai nascer com isso”, pra mim, “ai ele não vai ser, ele vai tomar o xaropinho bem direitinho, bonitinho, e vai ser como o outro” taí saudável. Então, aí eu vejo assim. Não vejo que meu filho vai ser soropositivo. 

Eu tenho sempre na mente que o meu bebê não vai ter nada, que ele nunca vai ter nada. Eu tô sempre pensando positivo. Acredito que vai dar certo. Espero que ele vai ser saudável, que nasça bem e com saúde, como o meu filho é hoje. E que não seja um portador. Se não ficar, eu fico muito aliviada se isso acontecer. Porque eu acho que com tudo e com tudo, quando eu resolvi engravidar é porque eu sabia que existia uma possibilidade enorme de eu ser soropositivo e meu filho não. Isso daí me deu a coragem de engravidar e de estar lutando, tá batalhando pra continuar viva e criar ele. 

Meus filhos são todos negativos, espero que esse daqui vai negativar também, igual dos outros. Um dos meus filhos nasceu positivo, dei o AZT pra ele durante 6 semanas e com 1 ano e 8 meses negativou, ele tá com 4 anos hoje. Então, eu creio, tenho certeza que esse vai ser a mesma coisa. Que ele não tenha nada. As minhas expectativas são de que ele realmente não tenha o vírus. Eu torço que não, como todas as mães torcem que não. Vou fazer o possível pra ele negativar que eu tenho certeza que isso vai acontecer. Esse AZT, pelo que eu sei, ele é bastante seguro, não é 100% de chance de ele não ter, entendeu? Não vou amamentar ele, vou separar tudo, como eu fiz do meu último filho. O importante é a medicação, eu dando pra ele e acompanhando até os 3 anos. 

Quero fazer de tudo o possível, como eu fiz pros outros, eu quero fazer pra ele também. A única coisa que eu quero é salvar ele. Não fazendo o tratamento você corre o risco, imagina sem fazer, aí é que nasce mesmo! Porque o que me fez engravidar foi eu não ter criado os meus filhos, meu marido não ter filho nenhum e eu ter a vontade de ser mãe realmente. Tô dando toda a minha atenção. O meu amor, carinho
pra ele. Tem tudo. Agora, se ele nascer eu não sei como vai ser a minha reação. Eu não consegui nem reagir direito a minha, principalmente a dele agora. Eu tenho consciência que ele pode nascer com o vírus que nem o meu outro bebê. Mas também ele nasce com os anticorpos da mãe, né, que falam. Eu só vou ter certeza mesmo depois que ele nascer é que eu vou ficar sabendo. Aí, eu tenho que aceitar. Eu vou cuidar, fazer o que eu puder por ele. 

Eu já vi caso de criança nascer, ficar doente, pneumonia, depois morrer assim no braço da mãe. Eu não sei se vou agüentar (chora), de não conseguir prosseguir, como eu já falei, como ele nascer doente. Porque pode dar menos chance de vida depois que ele nascer. Se por acaso for, a gente vai lutar, porque a criança tem a chance de negativar até os 6 anos, 5 anos, então eu vou continuar, porque ele pode nascer e depois negativar. Ele também tem a chance assim de um mês negativar num primeiro exame que eu fizer ele já é negativo, entendeu? Porque ele vai começar a produzir seus anticorpos. E aí ele será uma criança normal. Mas eu costumo não ficar pensando. A única coisa que eu quero é a salvação dela, porque o resto... Porque o mais importante é pensar na minha filhinha, só penso nela, agora que eu descobri que é menininha."