domingo, 17 de julho de 2011

A Moda do Refluxo em Bebês

Sempre me preocupo quando um diagnóstico vira moda. Sabe aquela doença que era rara e quase não ouvíamos falar e, de repente, todo mundo aparece com ela? Isso é especialmente preocupante entre as crianças, já que esses “novos diagnósticos” levam a um excesso de medicamentos, o que pode influir diretamente no desenvolvimento delas.

É claro que hoje em dia muito se descobre sobre doenças e novos medicamentos surgem. Mas, em alguns casos, o que acontece é que a informação insuficiente ou incorreta leva a um diagnóstico precipitado ou errado por parte dos médicos. E, em outros casos, é mais confortável diagnosticar e medicar para não ter que se ocupar da criança.

Na minha percepção o refluxo e uma das últimas novidades de diagnóstico entre bebês. Parece que, de uma hora para outra, muitos bebês começaram a ser diagnosticados com

Refluxo Gastroesofágico e tratados com medicação. Medicamentos que tem inclusive efeitos colaterais neurológicos e que apresentam pouquíssimos estudos em bebês.

Ultimamente tenho visto muitas mães com bebês de 1 mês, 3 meses, relatarem que seus filhos estão usando medicamento para refluxo. Quando pergunto como chegaram a esse diagnóstico com tamanha rapidez e indicação do medicamento, elas relatam que foi em apenas um ou duas consultas com o pediatra.

O motivo que fico tão assustada nesse caso do Refluxo é que, até onde sei, bebês até os seis meses tem uma imaturidade fisiológica do esfíncter esofágico, que tem como principal função no nosso organismos a de impedir o alimento de retornar do estomago para a garganta e a boca e, por isso, é comum observarmos as famosas golfadas. Bebês golfam e, muitas vezes, em todas as mamadas, mas isso não é diagnóstico de refluxo. Aprendi que se poderia diagnosticar refluxo gastresofágico patológico em bebês após os seis meses, quando observamos, entre vários sinais, a esofagite. Sempre soube que o diagnóstico de esofagite em bebês antes dos seis meses é extremamente raro.

Não entendi ainda o porque dessa parente mudança repentina de conduta de muitos pediatras e inclusive não encontrei evidências científicas na literatura que demonstrem que esse meu conhecimento esta ultrapassado!

Aprendi também que todos os remédios alopáticos têm grande impacto no organismo do bebê, exatamente por ser muito jovem e com poucas proteções desenvolvidas, por isso deveríamos evitar a hipermedicalização, utilizando os medicamentos e dosagem adequadas nos momentos oportunos. Bom, não sou médica, sou fonoaudióloga e Doula, portanto não receito remédios, mas procuro sempre me informar sobre os medicamentos indicados aos meus pacientes e seus efeitos colaterais, que podem influenciar diretamente no cuidado que estou prestando. E ai fico pensando se um medicamento com efeitos neurológicos e que impacta na amamentação do recém nascido não deveria ser indicado apenas como último recurso.

E acreditem, existem muito outros recursos que podem ser usado nos casos de refluxo gastroesofágico e nos casos de bebês que golfam muito, ou seja, que estão incomodados, mas ainda não se pode diagnosticar como um refluxo patológico.

Acredito que é muito importante que as mães e pais questionem o excesso de medicamentos dado aos seus filhos, que busquem outras alternativas de tratamento antes de chegarem a mais extrema, além de pensarem se realmente aquele diagnóstico se aplica ao seu filho ou se ele não é apenas o mais confortável para a família ou os médicos.

Esse texto veio como um desabafo! No próximo post vou retomar a idéia original dele, falar dos sintomas do refluxo e das estratégias de tratamento antes de chegar ao recurso do remédio alopático!

2 comentários:

  1. Oie, querida, tenho a mesma impressão que você. Estava observando uma comunidade que acompanho, o número de bebês diagnosticados com refluxo cresceu consideravelmente, como as suspeitas de ALPV também, mas o que mais me espanta é vermos esses sintomas sendo desculpas para as mães pararem de amamentar seus bebês!!
    Fico triste com essas notícias, sabe, mal sabem elas como o Leite Materno é muito melhor que qualquer remédio ou fórmula!
    Beijocas,
    Aretusa, mamãe da Doce Sophia

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  2. Aretusa,
    amanhã teremos um post aqui flaando sobre alguns cuidados com o refluxo e a ideia é exatmaente ao contrário, manter a amamentação no peito!!!! Se pelo menos isso conseguirmos divulgar entre as mães já teremos uma vitória!

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