Quando vejo mães e pais recusando-se a vacinar seus filhos ou o fazendo apenas porque a escola exige o cartão de vacina completo, fico muito preocupada! Vou explicar porquê.
Antigamente muitas crianças morriam no primeiro ano de vida, muitas mesmo, e outras ainda morriam até os cinco anos de vida. Essa alta taxa de mortalidade ocorria, entre outros motivos, por doenças comuns que tinham pouco efeito em adultos. Outras tantas crianças, se não morriam, ficavam com seqüelas graves dessas doenças.
Esse antigamente não é tão antigamente assim. A situação descrita pode aplicar-se a idade média, mas também é a descrição exata de uma realidade brasileira a menos de 40 anos atrás. Uma realidade mais aguda nas regiões mais pobres, com certeza, mas não exclusiva dela. E como o mundo e o Brasil conseguiram dar a volta por cima e reverter esse quadro? Com campanhas universais e consistentes de vacinação.
As vacinas são desenvolvidas para que o corpo crie resistência, ou seja, anticorpos, para combater as doenças que tem seus agentes presentes no meio ambiente. O objetivo aqui não é discutir as diferentes formas de fabricar uma vacina ou os diferentes agentes causadores de uma doença, mas sim reforçar a importância das vacinas.
No Brasil, um dos países com a melhor cobertura vacinal do mundo, o calendário básico de imunização para crianças de 0 a 10 anos é bem preciso e direcionado. As vacinas são incluídas no calendário por razões epidemiológicas, ou seja, levando em consideração o que é melhor para o conjunto da população brasileira, e isso só acontece depois de muitos testes e muito conhecimento sobre a eficácia da vacina e seus possíveis efeitos colaterais. Bom, na realidade essa regra vale para todas as idades e todas as vacinas orientadas pelo Ministério da Saúde. Vale ressaltar ainda que nós brasileiros temos nosso direito a saúde garantido na constituição desde 1988, então as vacinas do calendário oficial são oferecidas no SUS gratuitamente.
É claro que existem outras vacinas que não são oferecidas gratuitamente pelo SUS e isso pode ocorrer por diversos motivos, como falta de comprovação da eficácia da vacina, falta de justificativa epidemiológica, ou seja, a vacina pode beneficiar uma ou outra pessoa em uma situação especifica, mas não beneficia o conjunto da população brasileira ou mundial, e até mesmo motivos financeiros. O que não existe é vacinas não serem oferecidas, ou serem oferecidas, com o intuito de prejudicar alguém, esterilizar a população ou com o risco de causar outras doenças graves! Como afirmam muitos e-mail sensacionalistas e em sua maioria totalmente falsos que circulam nas épocas de campanhas vacinais.
As vacinas apresentam sim efeitos colaterais como febre, dores no corpo e até sintomas leves da doença que previne. Isso já é esperado e pode ser resolvido com medicamentos orientados pelo médico, além de muito colo, carinho e peito, especialmente no caso das crianças. É diferente das pessoas que são alérgicas a determinados componentes das vacinas, ai elas não devem tomar, ou seja, existe uma justificativa médica para não tomarem a vacina.
Não vacinar seu filho o coloca ele em risco de adquirir uma doença que pode prejudicá-lo muito.
Além disso, é desconsiderar que vivemos em sociedade. Já que as vacinas são também uma estratégia de erradicação daquela doença. Uma doença é considerada erradicada após passado 20 anos sem nenhum caso dela naquela determinada região ou país. Ou seja, o argumento de que não conhece ninguém que pegou aquela doença não é valido para não vacinar seu filho, já que se a vacina ainda é ofertada pelo SUS é porque a doença ainda não foi considerada erradicada. E basta uma pessoa pegar, para rapidamente ocorrer uma epidemia, caso essa pessoa entre em contato com outras que não tomaram a vacina e por isso não sai imunes!
Com certeza esse é um assunto polêmico, e todos tem direito a sua opinião! E por isso mesmo, senti que era minha responsabilidade, enquanto profissional de saúde e mestranda em saúde pública em colocar essa argumentação aqui no blog.
Para saber mais sobre o calendário de imunização do Ministério da Saúde acesse AQUI!
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