terça-feira, 26 de julho de 2011

Avô não pode ser baby-sitter de luxo

Lidia Aratangy é psicóloga e tem nove netos
A psicóloga e terapeuta familiar Lidia Rosenberg Aratangy tem quatro filhos e nove netos - o mais velho tem 17 anos e o mais novo, apenas nove meses. Avó dedicada, ela é coautora do Livro dos Avós - Na Casa dos Avós Sempre É Domingo?, em parceria com o médico e também avô Leonardo Posternak, em que fala da relação entre avós, pais e netos. "Nós, avós, devemos estar próximos quando a família precisa, mas devemos também saber manter a distância quando não somos chamados", afirma.

Hoje a grande questão para muitos avós é como participar da vida dos netos sem deseducá-los ou tirar a autoridade dos pais. Lidia explica que essa é uma questão muito nova para as famílias, pois, até pouco tempo atrás, os avós sequer existiam. "As pessoas morriam muito cedo. Essa figura é uma novidade do ponto de vista evolutivo e cultural. Mas, mesmo de duas gerações para cá, as coisas mudaram muito. Hoje, aquela figura da avó de cabelos brancos, fazendo tricô na cadeira de balanço é coisa do passado", diz.

Na entrevista a seguir, a psicóloga e avó fala um pouco dessa nova figura familiar e dá dicas de como os avós de hoje podem ajudar na Educação dos netos sem criar conflitos com os pais das crianças

Antes de mais nada, os avós são depositários das histórias da família. Há características, aspectos e histórias dos pais que só eles conhecem. Por isso, eles podem ser grandes contadores de histórias. Além disso, os avós são importantes porque relativizam a autoridade dos pais da criança, já que devem ser respeitados por eles. Essa estrutura familiar é, portanto, é um bom exemplo para os netos. Os pais não podem jamais caçoar dos avós na frentes dos netos, por exemplo, pois isso seria prejudicial para eles no futuro. Portanto, avós participativos são importantes não apenas para os netos, mas também para os pais.
Qual a importância dos avós na educação dos netos?
Alguns pais podem se sentir um pouco incomodados com a presença constante dos avós, principalmente quando os avós costumam dar palpites na Educação dos netos. Mas é muito importante que os avós não sejam apenas "baby-sitters de luxo". Ou seja, os pais não devem chamar o avô ou avó apenas quando têm algum compromisso e precisam de alguém para ficar com as crianças. É normal que pais e filhos tenham divergências quando chega a terceira geração da família, e não há deslealdade nisso. A casa dos pais e a casa dos avós são, naturalmente, ambientes diferentes, assim como a escola e a casa.
Em qual medida as crianças devem conviver com os avós?
Quanto mais a criança conviver com todo mundo, melhor é. E não só com pais e avós, mas também com professores, amiguinhos e tios, por exemplo. A diversidade de vínculos proporciona uma riqueza maior para as crianças. Por isso, é importante que os pais estimulem a convivência com os avós e com quem mais for possível.
A relação entre netos e avós está mudando?
Com certeza. Antigamente nem existia avô ou avó, pois as pessoas morriam muito cedo. Essa figura é uma novidade do ponto de vista evolutivo e cultural. Mas, mesmo de duas gerações para cá, as coisas mudaram muito. Hoje aquela figura da avó de cabelos brancos, fazendo tricô na cadeira de balanço é coisa do passado. Com o aumento da expectativa de vida, os avós hoje têm muito mais energia e vitalidade para acompanhar as brincadeiras dos netos.
Os avós devem ajudar na educação formal dos netos?
Isso depende muito da dinâmica da família. Eu, por exemplo, tenho dois netos que moram comigo, porque os pais vivem no interior e eles decidiram fazer o Ensino Médio em São Paulo. Nesse caso, sou responsável por ajudá-los nos estudos, ir a reuniões da escola e cobrar para que eles tenham um bom desempenho. Mas costumo ajudar os meus outros netos também, quando sinto que há necessidades. O importante é saber como ajudar sem esvaziar a autoridade dos pais, mantendo distância quando não somos chamados. O fato é que os avós de hoje se envolvem muito mais na Educação dos netos. Não dá mais para ser só motorista, daqueles que só levam e buscam na escola.

Parabéns à todas as  vovós por este dia em que podemos homenageá-las com muito carinho!!!


Fonte:  texto Marina Azaredo (Educar para crescer)

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