quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Parto e a mídia

Essa semana acompanhei em uma novela um parto e fiquei muito incomodada com a representação e caracterização colocada!

A novela é Malhação, da Rede Globo, voltada para o publico adolescente. E, por isso mesmo, com frequência aborda de forma lúdica e interessante temas que permeiam a adolescência e a vida do dia, promovendo um importante espaço de disseminação da informação. Mas dessa vez a novela não conseguiu cumprir o papel informativo e sim piorar a desinformação entre as adolescentes.

O tema da gravidez na adolescência é recorrente em Malhação e permite discutir métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis, os desafios de uma adolescente diante da gravidez e muitos outros temas. Como é uma novela, no final todas as questões se acertam em um final feliz para os participantes, e era esse o rumo que a história de Maicon e Babi estava tomando.

Infelizmente, em nome do sensacionalismo midiático, resolveram pintar o parto como um momento de horror. A cena do parto, com um médico empurrando a barriga da Babi e a personagem como uma mulher apavorada, e posteriormente, os comentários de irresponsabilidade, colocando o parto normal como algo ruim e extremamente arriscado, foi deplorável.


E como nós mulheres, não temos nenhuma imagem de parto formada antes de passarmos por um, o que nos apropriamos é o que passa na mídia.

Fiquei indignada com o quadro pintado, pensando como as questões poderiam ter sido abordadas de forma positiva, colocando as dificuldades e desafios da gravidez na adolescência, mas destacando como uma mulher informada pode ter um parto seguro, a importância do pré natal, incentivando a amamentação na primeira hora de vida do bebê, incentivando o alojamento conjunto nas maternidades, discutindo a questão da licença paternidade.

Uma grande oportunidade perdida de promover a saúde materno infantil exatamente na Semana Mundial da Amamentação.

Sei que cenas assim são as comuns nas novelas. Mas resolvi manifestar a minha indignação. Quem sabe se todas nós, mulheres bem informadas e empoderadas, nos manifestarmos diante de todos os “partos franksteins” apresentados como normais na televisão, não conseguimos mudar uma ou outra cena, e talvez ganhar um pequeno espaço na luta pela humanização do parto.

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