Percebo que hoje os pais estão muito mais participativos no lar. Homens que antes se preocupavam apenas em prover o lar estão voltando seu olhar para a família e para os relacionamentos. Vemos homens fazendo cursos de casal grávido com interesse em aprender como cuidar de um bebê e auxiliar a esposa, vemos pais indo à reunião escolar de seus filhos, levando-os para as atividades físicas, estudando com eles, ou seja, muito mais presentes e participativos. Antes a função de cuidar e educar os filhos era apenas da mulher, pois esta ficava em casa e se dedicava ao lar e à prole. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, percebo que houve uma transição no que diz respeito às funções e à própria relação em família. A mulher hoje trabalha por que gosta e para colaborar financeiramente em casa. Assim como esta mudança trouxe para a mulher mais autonomia, identidade e liberdade trouxe também para o homem a possibilidade de fazer contato com seus sentimentos e de se relacionar mais efetivamente e afetivamente com seus filhos.
Penso que a mulher que já obteve tantas conquistas precisa refletir que o lugar do Pai é dele por direito e dever. Acho que toda a mudança que houve historicamente no que tange o lugar da mulher traz alguns riscos. Vemos mulheres com a crença de que se tiverem um filho por produção independente poderão suprir a criança sendo mãe e pai. Outras vezes, a mulher não dando passagem ao homem para executar sua função de pai, acaba por promover uma referência para a criança de um pai invisível, incompetente e muitas vezes dispensável.
A imagem do pai é imprescindível para o desenvolvimento psicológico equilibrado dos filhos. O pai, com efeito, seria uma espécie de mediador entre o filho e a realidade. Permite ao filho tomar iniciativas e aprender a distinguir entre o certo e o errado e, a partir disso, entender as conseqüências de uma ou outra escolha.
Se o pai chega em casa e não se interessa pelo dia de seu filho e ainda fica com a cabeça ligada ao trabalho, por mais que esteja presente em casa não está verdadeiramente com seu filho, está apenas de corpo presente. A intimidade com a criança é que aumenta o vinculo nesta relação e reflete no comportamento da criança.
A função paterna (que pode ser desempenhada pelo pai ou por alguém do sistema familiar ex: tio, avô) é de grande importância na vida de uma criança, é o pai que representa a lei para o filho através da organização, estrutura e autoridade. E esses componentes estão ligados ao crescimento, ao aprendizado, amadurecimento e a compreensão de regras e limites. Essa função é desempenhada quando se ensina a criança, quando se dá o limite e ensina regras, quando se ensina a guardar objetos, consertar algo, executar tarefas e etc.
Vivemos em uma sociedade onde vemos chacinas como em Realengo, índios sendo queimados, políticos corruptos, uso e abuso de drogas e a lista se estende. Tempo sem lei, tempo dos fora da lei. O papel do pai precisa ser valorizado e executado. O pai precisa fazer vale o seu lugar, um lugar que é seu por direito e dever.
A criança precisa de referência e aquisição de valores, e o pai pode colaborar muito nesta construção. Ele não é a versão masculina da mãe ele é o PAI. Precisa dispor de tempo para conhecer e relacionar com esse filho e isto pode ser feito através de brincadeiras, leitura, conversas, rolar no chão, executar tarefas diárias entre outras. Devemos considerar que se a relação entre o casal de pais for saudável, a criança terá a possibilidade de internalizar as referências das funções materna e paterna de forma adequada, o que ajudará em seus relacionamentos afetivos e sociais no futuro.
O pai não deve ficar no lugar de substituto da mãe, cada um tem sua função no sistema familiar mesmo que o casal não esteja mais vivendo junto. Neste caso, deve-se ter muito cuidado, pois se os pais não estão mais juntos como casal devem manter suas funções materna e paterna independentemente disso. Vemos mães que não dão acesso ao pai para executar sua função, desqualificando-o e tirando seu valor. A criança fica no meio de um fogo cruzado e sem referência na vida. Os pais ficam mais interessados na briga, não digerem o que motivou a separação, sobram as raivas, as mágoas e a criança confusa.
O pai é o parceiro da mãe na construção da identidade do filho e no desenvolvimento da sua personalidade e nada mais justo que cada um se respeite e que não tire a autoridade e a importância do outro.
Desejamos a todos os pais um Feliz dia dos Pais !!!
Fernanda Seabra 04/18317 Psicoterapeuta Familiar Sistêmica
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