Hoje vamos
falar de receitinhas para o insucesso na amamentação, que levam ao desmame
precoce, que caem sobre a mãe, pressões da sociedade e exigências do dia a dia
que influenciam na produção materna do leite.
13- Determinar uma quantidade de peso específico que o bebê deve ganhar a
cada mês
As mães, ou as avós, ou os pediatras (na maioria das vezes, em especial,
os pediatras), tem uma expectativa que o bebê engorde uma determinada quantidade
de gramas a cada dia, semana e mês. Frequentemente a consulta mensal no
pediatra, que deveria ser um acompanhamento da saúde do bebê, vira um espaço de
pesar e medir o bebê. O foco no peso ganha um tamanho exagerado, apesar de ser
importante. Em termos técnicos e teóricos podemos dizer que focar no peso é
fazer uma atenção centrada na doença, quando o desejado seria uma atenção
centrada na pessoa, nesse caso no binômio mãe e bebê.
O problema é que cada criança tem um ritmo de desenvolvimento e até uma
genética de engordar mais ou menos, se ser mais espichado e magrinho ou mais
gordinho. Se conseguimos respeitar isso quando somos adultos, porque não
fazemos o mesmo com os bebês? Até hoje estamos presos ao mito de que bebê
saudável é bebê gordinho? Realmente um bebê que está saudável, crescendo e
engordando no ritmo dele, e desenvolvendo-se adequadamente, precisa estar
dentro do quadradinho da engorda?
Essa pressão do peso e do engorda interfere na amamentação porque vai
minando a confiança da mãe. Ela acaba duvidando da sua capacidade de alimentar
seu filho. Algo muito importante para as mães é garantir a nutrição do seu
filho e, se ela não acredita que seu leite é suficiente, pode até diminuir a
sua produção de leite. Mãe nervosa é igual a bebê nervoso, chorando, o que
dificulta a amamentação. E ai surge novamente o famigerado complemento,
voltando ao ciclo de oferecer o Leite Artificial que termina por promover uma
diminuição na produção do leite materno, já que o bebê não suga, e ai inicia-se
o novamente o ciclo do desmame precoce.
14- Mulher desidratada
Grande parte do Leite Materno é composto por água! Fundamental para matar a
sede e hidratar o bebê, o que também justifica a importância da livre demanda.
E o leite é produzido a partir dos nutrientes que a mulher tem no seu corpo,
então fica fácil perceber que é necessário beber muita água para uma boa
produção de leite materno.
A mulher precisa se hidratar para que possa usar a água que necessita
para seu corpo saudável e para a produção do leite. Para uma referência, já que
os nutricionistas indicam que bebamos 2 litros de água por dia, uma mulher que
amamenta precisa superar essa quantidade. Pode pensar na necessidade de beber 3
litros de água por dia.
Beber água, nesse caso, pode ser beber qualquer líquido saudável que
hidrate. Vale suco, leite, chás... o que mais satisfizer, mas é bom ficar longe
dos não saudáveis, como refrigerantes. E evitar os alcoólicos. O mito de beber
cerveja preta (sem álcool) para aumentar o leite vem daí, aumenta a ingestão de
liquido e consequentemente a produção de leite. Uma mulher desidratada pode
realmente ter dificuldades na produção do leite!
15- Dormir pouco
Dormir é essencial para que a mulher consiga estar bem física e
mentalmente. Essa saúde mental é essencial para uma boa produção do leite
materno. Sono dificulta também a paciência e dedicação necessárias para a
amamentação.
E como fazer para dormir com um bebê novo que acorda várias vezes a
noite para mamar? Bebês precisam sim mamar a noite sim, enquanto pequenos para
garantir a nutrição, e também para sentirem-se seguros. Então o segredo é pedir
ajuda. Ajuda para arrumar a casa, lavar roupas, fazer comida, cuidar do bebê em
intervalos que ele não precisa mamar, e assim aproveitar todos os momentos para
dormir e descansar. Relaxar e garantir a saúde mental e física da mãe.
16- Passar por situações de estresse, medo e/ou angústia...
Situações agudas e repentinas que geram estresse, medo, angustia e
outros sentimentos negativos podem levar a uma queda na produção do leite materno.
Nesses casos não precisa desesperar. O segredo é insistir na livre demanda,
muita sucção do bebê e fugir da situação prejudicial, resolvendo ou se
afastando, e assim garantindo a sua saúde e a saúde do seu bebê. Evitar cair no
ciclo do leite artificial e desmame precoce é fundamental para poder recuperar
a produção do leite materno, adequada a necessidade do bebê.
17- Dar ouvido aos palpiteiros de plantão
Como diz uma colega blogueira (do Cientista que virou mãe), os
palpiteiros de plantão se multiplicam por brotamento e surgem em todas as
situações inesperadas. São inconvenientes, sempre tem uma opinião certeira, se
acham donos da verdade e se ofendem quando você não aceita a opinião. Siga seus
instintos, informe-se e empodere-se e só depois escute aquelas pessoas que
realmente te apoiam e te auxiliam, os demais, faça “ouvido de mercador”. Deixe
entrar por um e sair pelo o outro ouvido. E muitas vezes os palpiteiros que
mais atrapalham não são os desconhecidos e colegas não, são os mais próximos
mesmo, que mais nos amam e querem o nosso bem. Importante saber identifica quem
são esses e lidar com eles com delicadeza, impedindo que atrapalhem o seu
processo de amamentação exclusiva por seis meses e continuada.
Ufa! Cinco semanas falando de coisas
que atrapalham a amamentação! Mas agora acho que conseguimos falar de tudo um
pouco para ajudar as mães e futuras mães a saírem correndo desses ciclos
prejudiciais!
Quem quiser compartilhar historias
de amamentação aqui no blog, manda um e-mail, que vamos adorar enriquecer o
debate com as mães falando!